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Artigo de Opinião

Secretário-Geral Adjunto da IPIFF

1/11/2024 08:00

Mário Draghi, antigo Primeiro-Ministro de Itália e ex-presidente de Banco Central Europeu apresentou, em Setembro, o seu relatório sobre a competitividade da UE, a pedido da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A necessidade deste relatório advém da grande disparidade registada nas últimas décadas entre o PIB da UE e o dos EUA. A título de exemplo, o PIB per capita cresceu quase duas vezes mais nos EUA do que na UE, desde 2000. Se a Europa não conseguir tornar-se mais produtiva e competitiva, não conseguiremos continuar a financiar o nosso modelo social. É urgente agir. Draghi aponta três áreas de acção para relançar o crescimento Europeu.

A primeira é para colmatar a lacuna de inovação, em comparação com os EUA e a China. Aqui, o problema identificado não se trata da escassez de investigação e inovação na Europa, mas a falta de capacidade de transformar a inovação em comercialização. Como resultado, entre 2008 e 2021, perto de 30% das startups fundadas na Europa mudaram a sua sede para os EUA. A segunda área de acção é de um plano para a descarbonização e a competitividade. Por um lado, as empresas da UE enfrentarem preços de energia que são 2 a 5 vezes mais elevados do que as empresas nos EUA. Por outro, a descarbonização é também uma oportunidade de crescimento para a indústria da UE. Atualmente a UE é líder mundial em energias alternativas, não obstante a forte e ascendente concorrência chinesa. São necessárias medidas urgentes para nos mantermos competitivos. A terceira área apontada é a de aumentar a segurança e reduzir as dependências. O aumento dos riscos geopolíticos pode aumentar a incerteza e atenuar investimento, enquanto grandes choques geopolíticos ou paragens súbitas no comércio podem ser extremamente perturbadores, tal como já experimentamos durante a pandemia ou com a actual invasão da Ucrânia pela Rússia.

A Europa está particularmente exposta. Dependemos de poucos fornecedores de matérias-primas essenciais e também dependemos enormemente de importações de tecnologia digital. Se a UE não agir, corremos o risco de estarmos vulneráveis à coação. Apesar de todos os desafios identificados, a UE possui uma forte educação e saúde públicas, que nos dão os alicerces sobre os quais podemos construir uma UE mais competitiva. Contudo, uma arrojada política económica e uma forte política externa, pelo todo da UE, são requisitos fundamentais para preservarmos o nosso ‘modo de vida europeu’.

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