Há calados que em política
Fazem tudo p’ra vencer.
Prometem coisas incríveis
Para o lugar obter.
Contudo calados há,
Que preferem viver curvados.
Por isso nunca enfrentam
O que sabem ser errado.
É assim que alguns calados
Conseguem tudo o que querem.
Tantas realidades constroem
Quantas as que lhes aprouverem.
Sabem bem que as pessoas
Acabam por acreditar:
Uma mentira repetida
Em verdade se irá tornar.
E os calados que escolhem
Nunca a sua boca abrir,
Pensando que assim conseguem
Rumo certo conseguir,
Não passam da cepa torta
Vendo os outros progredir.
Talvez um dia descubram
Que rastejar sem razão
É o que os calados querem,
Aqueles que tocam rajão.
Tangem cinco cordas simples,
Sem grand’ arte, nem mestria.
Mantêm os calados mudos
A bailar sem alegria.
Esta técnica tem resultado
para os que quiserem ver.
E mesmo os calados sem voz
Começam a compreender
Que se algo querem mudar
Precisam de se envolver.
Deixar de bailar curvados,
Vai ter mesmo de acontecer!
Precisamos dos calados,
Mas das caladas também.
De quem parece pedir desculpa,
Da culpa que nunca tem.
E com esta determinação,
Sem malícia, nem desdém,
Conseguiremos, enfim,
O mundo que aí vem!