Quando Abraão saiu de Ur na Caldeia, convidado por Deus, Ele e a sua descendência falavam um dialeto local sem muita Importância, ao chegar a Haran encontrou uma língua mais rica e expressiva chamada Hebraico, que se tornou língua da sua tribo e dos povos que estiveram em contacto com ele, no Hebron.
Foi nesta língua que se escreveram as tradições e ações divinas do Sinai, depois os Salmos, os cânticos do Rei David, as sentenças de Salomão. Era uma língua considerada sagrada.
Com o exílio em Babilónia os judeus aprenderam uma outra língua, embora com palavras e sons semelhantes, que trouxeram consigo, chamada aramaico.
Na santa liturgia, lia-se primeiro em hebraico, a língua santa, depois um escriba traduzia e explicava ao povo. Assim aconteceu quando Jesus pregou na sinagoga de Nazaré: “Ele foi a Nazaré... entrou na sinagoga em dia de sábado, e levantou-se para fazer a leitura. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías, abrindo-o encontrou o lugar onde se diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim...” Esta leitura foi em hebraico, a explicação ao povo foi em aramaico.
O aramaico de Jerusalém e o da Galileia, tinham sons diversos de pronúncia, como acontece nas línguas modernas com o brasileiro e português. Na noite da paixão, quando Pedro negava o Mestre, dizia uma criada, até a pronúncia é a da Galileia.
Falava Jesus a língua grega, a língua comercial do Mediterrâneo? É provável que tivesse conhecimentos para falar com os romanos, no tribunal, com os centuriões que tanto o apreciavam. Uma vez dois gregos pedem ao apóstolo Filipe para falar com Jesus.
Conhecia o latim? É provável, na condenação à morte.
Sabia escrever?
Para isso era necessário pergaminho ou papiros, canetas, tudo coisas muito caras, os escribas eram profissionais nessa arte. Contudo, segundo São João, quando os fariseus lhe apresentam uma mulher apanhada em adultério, que pela Toráh deveria ser condenada à morte, mas já nesse tempo não se aplicava a pena, Jesus começa a escrever no chão e os acusadores vão-se afastando, até Jesus ficar só com a mulher, e pergunta-lhe: Ninguém te condenou? Nem eu te condeno, vai em paz e tão tornes a pecar.
Com a mulher samaritana Jesus pede-lhe para beber, ela nega-se, os samaritanos não falam com os judeus, mas Jesus quer dar-lhe outra água, que sacia para a vida eterna.
Não tem marido, já teve muitos, vai chamar os seus irmãos samaritanos, de pecadora torna-se missionária e os seus compatriotas recebem festivamente a Jesus
Quais são as línguas que Jesus fala e só Ele verdadeiramente sabe e nos fala, é a linguagem do amor, do perdão até dos inimigos, São Mateus mostra-o com evidência nas bem-aventuranças, qual é o grau de perfeição dos que seguem a Cristo: Sede perfeitos como meu Pai Celeste é perfeito. Amai os vossos inimigos, orai pelos que vos perseguem, desse modo vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus.
São Lucas, apesar de vir do paganismo, depressa aprendeu a caridade do Mestre, o estilo de Marcos é áspero, nem sempre correto, usa muitos aramaismos, mas tem um tom e vivacidade popular que encanta quem o lê ou o medita.
São Lucas, no dizer do grande poeta Dante, é “o escriba da mansidão de Cristo”, o seu grego é de qualidade excelente quando não depende dos outros, mas quando é ele próprio que ordena o texto este é suave e mavioso, ele gosta de imitar os dizeres da da Bíblia, porque a julga sagrada e apropriada para descrever as coisas do céu e de Deus. Para além de ser um escritor nascido no paganismo, mas de grande talento e alma delicada, soube colher em Jesus aquilo que o torna tão atraente, perdoa aos pecadores, ama e respeita as mulheres que a acompanham na sua pregação, cura toda a espécie de doenças, amansa as ondas do mar da Galileia, respeita os samaritanos, expulsa os demónios. Sob a ação do Espírito Santo, ele diz-nos que a Cidade Santa de Jerusalém, é o lugar onde se deve realizara salvação, e dela deve partir a evangelização do mundo.