A 10 de outubro, assinalou-se o Dia Mundial da Saúde Mental. Uma efeméride criada em 1992, pela World Federation for Mental Health, para combater o preconceito e promover o conhecimento sobre saúde mental.
Decerto, já todos ouvimos o ditado popular que nos ensina que todos temos um pouco de loucos, mas que pode acabar por configurar-se como um caminho mais leve para refletir sobre a volatilidade da saúde, sobretudo, neste caso, da psíquica.
Quando falamos de saúde mental, existe a tendência de a associar à patologia e muitos continuam a reforçar o estigma da loucura, da insanidade, reservando psicólogos e psiquiatras para “pessoas com problemas”.
É verdade que, em algumas fases, existem patologias com necessidade de intervenções multidisciplinares, mas a saúde mental tem de deixar de ser olhada com um bicho papão. Devemos encará-la, aliás, de forma preventiva porque o bem-estar psicológico é um dos pilares do bem-estar global.
Os números atuais são preocupantes.
Portugal é o 5º país da UE onde a prevalência destas doenças é maior. Um terço da população tem algum sintoma de doença mental, com 6% a ter ansiedade e depressão, seguindo-se patologias associadas a problemas com álcool e drogas, bem como doença bipolar e esquizofrenia.
De acordo com um estudo recente, liderado pela Universidade de Évora, 23% dos estudantes inquiridos foram diagnosticados com uma doença mental, com dificuldades a surgirem, mesmo, antes da entrada no ensino superior.
A geração mais nova, com gente “triste com fotos felizes” dentro, é considerada, mesmo, uma geração ansiosa.
Ora, perante todas estas evidências, é crucial educar para a saúde, em todas as suas dimensões, e aprofundar a prevenção da doença e a promoção da saúde mental como desígnio estruturante.
Na Madeira, temos, desde 2019, um Observatório Regional de Saúde Mental, que resulta de uma parceria entre a Universidade da Madeira e o Serviço Regional de Saúde, e que contribui para a adequação das políticas de atuação, assim com para aumentar a literacia nesta área.
Anualmente, as instituições que laboram neste âmbito recebem 7 milhões de euros do Governo Regional e, através do PRR, a Região vai criar 128 espaços no âmbito da Rede de Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental, entre residências para apoio máximo, para treino de autonomia e autónomas.
O rácio psicólogo – alunos nas nossas escolas está conforme os parâmetros de recomendação internacional e quanto ao rácio psicólogo-população, a Madeira já ultrapassou as recomendações da Sociedade Portuguesa de Psicologia.
Continua a ser necessário trabalhar muito. É um facto. Mas o caminho, principalmente este caminho, faz-se com a atenção de todos. Não somente da classe política, a quem justamente tanto exigimos, mas de cada um de nós que pode e deve combater o estigma e fomentar a saúde mental.
Sejamos todos maluquinhos, se preciso. Esses maluquinhos que não têm medo de desconstruir problemas, de dar a mão ao outro e de seguir em frente, colocando de lado o preconceito.
Não é tão difícil assim. Tentamos?