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Artigo de Opinião

PALAVRAS APENAS

25/10/2022 08:00

Preciso de borboletas para falar de poesia. Como preciso de mar e de pedras. E de ilhas e de sentidos. Preciso de silêncio para falar de Deus. Como preciso de risos e de abraços para ser feliz. Estas são precisões de quem não tem outras necessidades: de pão, de trabalho, de amor. São precisões de quem (ainda) pode chegar ao fim do mês, sabendo que a renda está paga e que as contas não se vão acumular às do mês seguinte.

Talvez se situe aqui uma das razões pelas quais consiga falar de começos, quando o outono já chegou ou de luz, num mundo tenebrosamente envolto em escuridões. Talvez porque a vida tem sido minha amiga. Talvez porque não preciso de grandes coisas para viver feliz. Talvez porque consigo fazer a festa com um por-do-sol bonito ou com um banho de mar. Talvez porque a palavra gratidão durma na cama comigo. Talvez porque não pretendo ser mais do que sou. Talvez porque a minha ambição tenha o horizonte do dia que há de chegar amanhã.

Preciso de flores e de meter as mãos na terra de vez em quando, sentir que esta comunhão com o que me sustenta. Já contei que houve um tempo na minha vida em que queria mudar-me para o campo e viver ao ritmo das estações?

Preciso de palavras. Livres. São elas que me fazem voar sobre mares que não conheço e descobrir lugares em mim que a vida não me deixa mostrar. Preciso de palavras, sim. E de as juntar como quem faz um lego, com a ilusão de que, um dia, alguém pegue nelas ao colo e faça delas suas. Preciso de quem as leia, portanto. E nelas encontre as borboletas, o mar e as pedras, as ilhas e os sentidos. E no silêncio que fica nas linhas desertas, possa encontrar-se com o melhor de si.

São estas as minhas precisões. Vivem comigo a toda a hora e dão sentido aos meus passos. Obrigada por fazer parte deste meu caminho.

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