Sei que há sinais. Sei que Deus coloca no nosso caminho pistas para que o nosso caminho se cumpra. Sei que a vida nos oferece os lugares que nos permitem sentar e esperar que o sol se acenda e que as estrelas (quando é de noite) nos ensinem a luz. Sei desses sinais, mesmo que nem sempre os veja. Sei que há gente (ou anjos?) que andam por aqui para nos ajudar a encontrar esses indícios. Sei de gente que nos empurra para os braços do que há de vir, do que há de ser, do que pode constituir o futuro, da verdadeira matéria de que é feita a esperança.
No entanto, sei também que nem sempre estamos atentos e que perdemos tantas oportunidades de encontrar a felicidade. Esquecemo-nos de olhar e de sonhar e de tentar, muitas vezes, em nome de nadas que nos impedem de ir: o medo, a fraqueza, o conforto do que se conhece. Cegamo-nos com os gritos de um mundo que nos quer vazios de dentro e que valoriza apenas o que se vê - a juventude, a beleza que o tempo rouba, as coisas que se esgaçam com o vento.
Sei que há sinais. São sopros de Deus a segredar às nossas vidas cansadas o valor de que precisam para que os nossos dias valham a pena. São asas de anjos a rasar o nosso chão noturno para nos obrigar a olhar para o céu. E o céu está cheio de pistas para dar sentido ao resto: às nossas pessoas, aos lugares onde construímos as nossas casas, ao tempo, a esta finitude que nos obriga a pensar que tem de haver muito mais para além disto que a morte leva, num instante.
De vez em quando (acho que é por isso que escrevo), chega até mim uma multidão de palavras que me pedem para as dizer. Quero (muito) acreditar que também elas podem servir de sinais. Talvez alguém as ouça, enquanto o meu coração as dita. Talvez alguém as sinta como riscos de luz através das persianas. Talvez elas ajudem a fazer correntes de ar e a mexer os nossos corações fechados. Talvez elas me ajudem a arejar o meu próprio coração, quando o desencanto chega e me pede para ficar.
Sei que há sinais. E anjos. E oportunidades que Deus coloca ao alcance das nossas mãos para seguirmos viagem a sorrir.
Convido-o, hoje, a olhar comigo. Juntos, talvez seja mais fácil.