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Artigo de Opinião

AQUINTRODIA

6/02/2024 08:00

Em primeiro lugar, peço desculpas aos leitores que me esperaram há quatro semanas, e não compareci.

Havia gizado a planificação do escrito, cumprindo o compromisso, mas quando pretendi teclá-lo, apercebi-me que o disco do computador estava cansado, farto de aturar as minhas parcas habilidades tecnológicas, e meteu baixa, como aqueles de há dias, que me impediram de ver o Leão a defender a liderança. Aparece agora um todo ufano a vangloriar-se que vai à frente. Pudera, assim é canja. Permanece, porém, à condição...Não houve desacatos, apenas publicação adiada, com a compreensão dos coordenadores desta rubrica. Ah, e ficou logo data marcada para hoje. Cá estou. Só que, perante a catadupa de coisas e loisas, fico embaraçado, sem decidir de que falar. Senão vejamos:

Eles são os agricultores, a mostrar tractores que custam balúrdios, mas a se queixarem que não ganham o bastante. Acho que quem veio para a rua não foram bem os agricultores, foram empresários agrícolas, que nunca se referem aos assalariados que contratam, esses sim, os agricultores, que trabalham a terra, e eu fico sem saber se ao menos auferem salários adequados ao trabalho que desempenham. Sei é que, cada vez que ponho a mão na fruta, ela está mais cara.

Eles são os profissionais da segurança, a se organizarem em protestos que dizem não ser greves, mas que têm o mesmo ou mais drástico efeito, invocando que se sentem discriminados. Na verdade, se um técnico de laboratório da Polícia Judiciária recebe mais umas centenas de euros por mês, para compensar o risco, que não estou a ver qual seja (só se for o de explosão por culpa própria), os demais profissionais que enfrentam desacatos, quando não sofrem da epidemia de «baixas» colectivas, e não pintam apenas para-brisas de papelinhos, esses sim, terão de ser tratados de forma similar...

Eles são as operações de busca, com profundo sabor colonialista, com aparatos nunca vistos, a lembrar quando Salazar ordenou que a Madeira fosse invadida e repreendida, porque tentara respirar liberdade. Desta vez, sigilo absoluto, afirmou convictamente a direcção da PJ. Só que, já na véspera da megaoperação, tinham viajado para a Madeira jornalistas, televisões, que logo divulgaram o evento, mal se iniciou. Em que ficamos? Quem terá avisado a comunicação social? Sigilo? Uhmmm...

Eles são as detenções de membros de claques em jogos de futebol, que à partida, teriam a função de animar e motivar as equipas que apoiam, mas que afinal, passam a ser grupos retangulados, altamente vigiados, que afastam as famílias de participar nos jogos, porque o futebol, que deveria ser oportunidade de festa e convívio sadio, passa a lugar de risco e perigo. Em meu entender, as claques poderiam ser dispensadas dos estádios, para que a ida aos jogos fosse um momento de relaxamento e alegria.

Eles são as eleições legislativas para a Assembleia da República, cuja campanha oficial começa a 25 de Fevereiro, mas com os candidatos já em pré-campanha acelerada, a marcarem posições e procurarem cativações de votos, numa caça que já nos cansa, mas que a democracia, esta pelo menos, assim exige.

Eles são as eleições antecipadas nos Açores, com uma atenção muito mais nacional, porque a realidade será extrapolada todo o País.

Enfim, haveria tanto a falar, mas esgotei a disponibilidade de caracteres que me são concedidos. Daqui a quatro semanas, escreverei do que há quatro semanas planeara. Até lá, atentos aos muitos assuntos que nos assolam, mantenhamos a serenidade.

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