Em plena quadra natalícia, o Núcleo Regional da associação ambientalista Quercus faz algumas sugestões à população para que esta possa viver esta época festiva de forma mais sustentável.
“O frenesim do consumo deveria dar lugar à reflexão sobre as nossas reais necessidades e à avaliação das implicações ambientais e sociais dos bens e serviços que consumimos, de forma a fazermos opções informadas e conscientes”, dá conta a Quercus.
Confira as sugestões:
“- Adquirir apenas aquilo que realmente precisamos, sejam bens ou serviços. É uma ilusão pensar que necessidades de valorização pessoal e de afirmação social podem ser alcançadas através da exibição de veículos, relógios, joias, produtos tecnológicos, roupas, viagens etc. Não nos deixemos enganar pela publicidade, modas ou “influencers”!
- Considerar os impactes das nossas opções no ambiente. Ao escolhermos um produto devemos, tanto quanto possível, considerar as implicações ambientais do seu processo de produção, da sua utilização e dos resíduos que originará após o seu tempo de vida útil. Ter ainda em conta a distância entre os locais de produção e de consumo, a durabilidade do produto e outras características que afetem o ambiente e a sociedade. Para nos ajudar nessa tarefa podemos atender a diversos tipos de certificação ou rótulos. Alguns exemplos são a Etiqueta energética, o rótulo ecológico europeu (Ecolabel), a certificação biológica, a certificação da gestão florestal (FSC), o comércio justo (Fair Trade) e a certificação da circularidade de materiais e desempenho ambiental (Cradle to cradle). O nosso sentido crítico e curiosidade devem ser sempre usados.
- Evitar o desperdício alimentar. A produção de alimentos tem um grande impacte no ambiente, sendo responsável pela emissão de uma parte significativa dos gases com efeito de estufa que causam o aquecimento global. Por esta razão é muito importante evitar o desperdício de alimentos, comprando apenas o necessário e fazendo uma gestão adequada que minimize as perdas. A época de Natal, com os habituais convívios e frequentes excessos, requer particular cuidado. Num planeta em que muitos ainda sofrem com a escassez de alimentos, o seu desperdício nesta quadra é particularmente cruel e ofensivo dos valores celebrados.
- Reduzir o consumo de carne, especialmente de ruminantes, e de produtos lácteos é uma das ações individuais mais positivas e efetivas que podemos ter sobre o ambiente. Isto porque a digestão dos ruminantes produz metano, um potente gás com efeito de estufa, mas também porque a produção de carne exige mais água e área de cultivo para a alimentação animal. Posicionarmo-nos mais abaixo na cadeia alimentar é benéfico para a nossa saúde e para o ambiente.
- Preferir alimentos de origem local ou regional relativamente a outros provenientes de regiões distantes, por envolverem menos transporte e emissões de gases com efeito de estufa. Escolher, se possível, produtos biológicos e até mesmo produzir alguns dos nossos alimentos também é relevante. Na região, a importação de cerca de 90% dos alimentos que consumimos constitui uma grande vulnerabilidade. Dificuldades de abastecimento resultantes de conflitos ou por escassez na origem não são, infelizmente, hipóteses remotas, pelo que deveríamos acautelar uma maior autonomia alimentar.
- Preparar as nossas refeições dá-nos maior controlo sobre o que temos no prato. No Natal, essa preparação é ainda tempo de convivialidade e partilha. Também nos permite evitar alguns resíduos de embalagens, comparativamente à aquisição de comida já confecionada em estabelecimentos de takeaway. No entanto, se esta for a sua opção, relembramos que é possível levar os seus próprios recipientes para transportar as refeições até sua casa.
- Racionalizar os consumos de energia. Estão atualmente disponíveis lâmpadas e iluminações com uma eficiência energética muito superior às das existentes no passado, podendo o seu uso traduzir-se numa poupança de energia. Contudo, essa vantagem pode ser reduzida se aumentarmos as áreas que iluminamos. Além disso, convém não esquecer que, na região, a energia que utilizamos ainda é maioritariamente proveniente da queima de combustíveis fósseis. Se esta realidade nos incomoda, devemos ter a racionalidade de restringir os consumos aos usos imprescindíveis e cortar nos acessórios. As iluminações de Natal caem claramente nesta última categoria, pelo que se sugere a sobriedade.
- Considerar as prendas imateriais. Precisamos de fazer tantas compras e de oferecer tantos presentes? A presença amiga, o gesto solidário, o afeto e a alegria genuína valem muito. São ótimas prendas, tal como oferecer o seu tempo para ajudar nalguma tarefa ou na resolução de um problema.”
“Vivamos o Natal e as nossas vidas sem esquecer a melhor prenda que podemos dar às gerações futuras - um planeta habitável onde possam viver em paz e com o essencial para uma vida plena, em equilíbrio com a natureza e com um capital de recursos que lhes permita fazer face aos desafios do seu tempo!”, lê-se em nota de imprena da Quercus.