A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) lança uma vez mais o desafio de salvar aves marinhas, nomeadamente juvenis de cagarras que saem dos ninhos e caem nas cidades, vítimas de poluição luminosa.
A equipa da SPEA, no âmbito da Campanha Salve uma Ave Marinha, realiza brigadas de patrulhamento noturnas entre os dias 23 de outubro e 5 de novembro em busca de aves desorientadas, e conta com o apoio de todos para esta missão.
“Pode contribuir com um simples gesto de apagar ou reduzir as luzes de casa ou de espaços exteriores, assim como se voluntariar para patrulhar as ruas, procurando cagarras que possam estar desorientadas ou feridas. Devido à poluição luminosa, que é causada pelo excesso de luz artificial, estas aves, que têm os olhos adaptados à visão noturna, ficam encandeadas, e logo suscetíveis a embates em edifícios ou atropelamentos, ou tornando-se um alvo fácil para predadores”, explica a SPEA, em comunicado.
Para minimizar esta situação, a SPEA desenvolve, desde 2009, campanhas de sensibilização com a população local alertando sempre sobre as boas práticas aquando de um encontro com uma destas aves, apelando também ao patrulhamento das zonas costeiras para uma resposta mais rápida a animais que possam estar em perigo, particularmente entre os dias 15 de outubro e 15 de novembro, época em que os juvenis de cagarra abandonam os ninhos, rumo ao mar.
Para estudar a interação destas aves com a iluminação, a SPEA está a promover brigadas de patrulhamento científicas nas duas semanas mais críticas, entre 23 de outubro e 5 de novembro. Estes patrulhamentos irão decorrer nos municípios abrangidos pelo projeto LIFE Natura@night, desde Santana, Machico, Santa Cruz, Funchal e Câmara de Lobos, com o apoio de técnicos e funcionários dos referidos municípios, bem como dezenas de voluntários regionais e não só.
Até ao momento, tem 37 voluntários inscritos. “Procuramos voluntários que se queiram juntar aos técnicos da SPEA na realização de percursos a pé em busca de aves que necessitem da nossa ajuda e apelamos aos municípios que reduzam a iluminação, principalmente nesta época que é mais crítica”, reforça Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira e do projeto LIFE Natura@night. “Nos Açores e Canárias também serão feitos os mesmos esforços com o apoio de centenas de voluntários.”, acrescenta.
Os voluntários, para além de darem o seu contributo para proteger estas aves emblemáticas, poderão assistir também às sessões de anilhagem e recolha de dados biométricos e receberão um diploma de participação nas brigadas. Para participar, visite o site www.naturaatnight.spea.pt.
A SPEA, como organização não-governamental de ambiente, depende da ajuda de voluntários e de projetos cofinanciados, como o LIFE Natura@night, de forma a poder concretizar os objetivos desta campanha, tais como sensibilizar a comunidade para a problemática da poluição luminosa e seus impactes na biodiversidade.
“O combate à poluição luminosa tem vindo a ser um dos focos de atuação da SPEA na Madeira, nas últimas décadas. Esta atividade realiza-se no âmbito do projeto LIFE Natura@night, cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia, coordenado pela SPEA e no qual uma aliança de 13 parceiros pretende uma abordagem muito direta à origem do problema, procurando implementar iluminação pública mais eficiente, melhor direcionada e mais amiga do ambiente. No âmbito deste projeto, a Câmara Municipal do Funchal, juntamente com os municípios de Santa Cruz, Machico, Santana e Câmara de Lobos, está a realizar alterações na sua iluminação pública, de forma a salvaguardar a saúde dos ecossistemas noturnos”, acrescenta.
O projeto LIFE Natura@night é cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia, coordenado pela SPEA, e tem como parceiros a Câmara Municipal de Câmara de Lobos, a Câmara Municipal do Funchal, a Câmara Municipal de Santa Cruz, a Câmara Municipal de Machico, a Câmara Municipal de Santana, a Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, a Direção Regional de Políticas Marítimas, o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, o Instituto de Astrofísica de Canárias, o Instituto Tecnológico de Canárias, a ALARED, a Fluxo de Luz e a Sociedade Espanhola de Ornitologia.