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Putin faz balanço glorioso de 2024 e reforça autoridade na conferência anual

Data de publicação
19 Dezembro 2024
15:45

O Presidente russo fez hoje um balanço de 2024 como um ano de glória para a Rússia, que disse ter-se fortalecido com a guerra, mas admitiu que a inflação é um problema para os russos.

Vladimir Putin, 72 anos, aproveitou a sua conferência de imprensa anual inserida num programa televisivo visto por milhões de russos para reforçar a autoridade e demonstrar domínio sobre tudo, desde os preços ao consumidor até ao equipamento militar.

Numa rara confissão, reconheceu que a taxa de inflação, que acelerou para 8,9% em novembro, é um “sinal preocupante”.

“O que é desagradável e mau é a subida dos preços”, disse aos russos, embora referindo que a situação da economia “no seu conjunto é estável”.

A inflação na Rússia é alimentada pela explosão das despesas militares com a guerra na Ucrânia, pelos efeitos das sanções ocidentais e pela subida dos salários, uma consequência direta da escassez de mão-de-obra no país.

Putin aproveitou o evento de cerca de quatro horas e meia para elogiar a decisão de invadir a Ucrânia, que disse ter aumentado o poder militar e económico da Rússia.

Se pudesse voltar atrás no tempo, “teria pensado que essa decisão deveria ter sido tomada mais cedo”, afirmou.

Segundo Putin, a Rússia “tornou-se muito mais forte nos últimos dois ou três anos porque se tornou um país verdadeiramente soberano”.

“Estamos a manter-nos firmes em termos de economia, estamos a reforçar o nosso potencial de defesa e a nossa capacidade militar é agora a mais forte do mundo”, afirmou, segundo as agências internacionais.

Putin, que detém o poder há quase um quarto de século e iniciou outro mandato de seis anos no início de 2024, disse que os militares estavam a avançar para alcançar os objetivos na Ucrânia.

Prometeu derrotar os ucranianos na região russa de Kursk, parte da qual ocupada desde agosto e onde as forças de Moscovo estão a ser ajudadas por soldados da Coreia do Norte.

“Mas quanto à questão de uma data exata [para a libertação de Kursk], lamento, mas não posso dizer neste momento”, confessou, ao responder a uma pergunta do público.

Em resposta a outra pergunta sobre o novo míssil balístico hipersónico que a Rússia utilizou pela primeira vez em novembro para atacar a Ucrânia, Putin desafiou os aliados de Kiev para um “duelo de alta tecnologia”.

“Que escolham qualquer instalação para atacarmos, digamos, em Kiev. Que concentrem aí todos os seus sistemas antiaéreos e antimísseis. E nós atacaremos com [o míssil] Oreshnik”, afirmou.

“Veremos o que acontece”, acrescentou com um sorriso seco, segundo o relato da agência norte-americana AP.

Putin também admitiu o embaraço do atentado bombista que matou na terça-feira, em Moscovo, o general Igor Kirillov, comandante das forças de defesa radiológica, química e biológica.

“O assassinato de Kirillov significa que as nossas forças da ordem e os nossos serviços especiais deixaram passar este tipo de ataques”, lamentou.

O programa, transmitido em direto pela televisão do Estado nos 11 fusos horários da Rússia, é normalmente dominado por questões internas, mas o líder russo é particularmente escutado no mundo pelas respostas sobre assuntos externos.

Putin disse estar pronto para se encontrar “em qualquer altura” com o próximo presidente norte-americano, Donald Trump, que vai assumir funções em 20 de janeiro e se comprometeu a negociar o fim do conflito na Ucrânia.

“Se alguma vez nos encontrarmos com o Presidente eleito Trump, tenho a certeza que teremos muito que falar”, disse.

Putin disse que estar aberto a compromissos sobre a Ucrânia, referindo que “a política é a arte do compromisso”, mas pôs como condição que eventuais conversações tenham por base “a situação no terreno”.

A Rússia exige à Ucrânia as regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, além da Crimeia anexada em 2014, e que desista da ambição de aderir à NATO, exigências rejeitadas por Kiev e pelo Ocidente.

Nos seus primeiros comentários sobre a queda de Bashar al-Assad, Putin disse que ainda não se encontrou com o antigo presidente sírio, a quem deu asilo em Moscovo, mas que tenciona fazê-lo.

Frisou que a queda do regime apoiado pela Rússia não foi uma derrota para Moscovo.

Admitiu também que iria perguntar a Assad pelo jornalista norte-americano Austin Tice, que desapareceu na Síria há 12 anos.

Os meios de comunicação social estatais russos informaram que os cidadãos comuns apresentaram mais de dois milhões de perguntas antes do espetáculo.

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