O partido venezuelano Ação Democrática (AD, oposição) voltou hoje a pedir a libertação do preso político lusodescendente Williams Dávila, recordando que está detido há um mês.
“Liberdade para Williams e para todos os presos políticos” pede o AD numa mensagem divulgada na rede social X, acompanhada de três fotos de Dávila, que tem nacionalidade portuguesa.
Membro da direção nacional do AD e antigo deputado e ex-governador do estado venezuelano de Mérida, Williams Dávila de 73 anos, foi detido em 08 de agosto no leste de Caracas por homens armados, após uma vigília pelos presos políticos, em que participaram centenas de pessoas.
Durante a vigília, alegados agentes das forças de segurança fotografaram alguns dos participantes e jornalistas que faziam a cobertura.
Em 18 de agosto, familiares de Dávila pediram ao Governo da Venezuela para não o reenviar para a cadeia, advertindo que estariam a condená-lo à morte.
“O meu pai Williams Dávila, 73 anos, encontra-se, de momento, estável dentro da gravidade, a receber tratamento no hospital”, publicou no X o filho do político, William Alejandro Dávila Valeri.
Antes de ser hospitalizado, acrescentou, o pai esteve detido na cadeia de El Helicoide, sede dos serviços de informações venezuelanos e principal centro de dentenção de presos políticos, onde têm ocorrido casos de torturas e violações dos direitos humanos, de acordo com denúncias da imprensa local.
“Após cinco dias em El Helicoide, foi levado em estado grave. Seria condená-lo à morte voltar a esse lugar no seu estado atual e com a sua idade. Apelo ao bom senso”, acrescentou.
Em 15 de agosto, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu à Venezuela para adotar medidas que garantam a vida e a saúde de Dávila, renovando o estatuto de “situação de risco”.
“A CIDH analisou a continuidade da situação de risco identificada em 2017. A informação apresentada refletiu a persistência de ameaças, vigilância, intimidação, assédio e ataques contra Williams Dávila num contexto de perseguição sistemática da oposição política no país”, afirmou a organização em comunicado.
Tal situação é atribuída a funcionários públicos e civis, simpatizantes do atual Governo da Venezuela, que teriam agido com o consentimento das autoridades, indicou.
Em 09 de agosto, o Governo português exigiu às autoridades venezuelanas “a libertação imediata e incondicional de Williams Dávila Barrios”.
Numa declaração na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou que “Portugal insiste na libertação dos opositores políticos detidos, na garantia da liberdade de manifestação política e na transparência democrática, em contacto estreito com os Estados da região e com os parceiros da UE”.
No texto, Paulo Rangel sublinhou que Dávila tinha sido detido “de modo arbitrário e com saúde precária”.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.