Em torno da moção de censura ao Governo madeirense, começa já a ser notório o reviver do cenário vergonhoso que antecedeu as últimas eleições regionais: voltam a ouvir-se os gritos das vozes já enrouquecidas com os alertas de que a Madeira e o Porto Santo vão parar se o Governo cair!!
Só há um pregão com o qual concordo em absoluto: há que castigar, nas urnas, quem nos levou a esta situação e atenção que a situação gravosa não é a da queda do governo, mas sim a de todos os motivos que justificam essa possível queda: as inúmeras tentativas de manter à tona um barco que há muito começou a meter água.
Estou totalmente de acordo! Castigue-se quem nos conduziu ao marasmo, castigue-se o PSD pelas constantes manobras, qual trapezista em trapézio sem rede.
O atual cenário e os slogans que correm nas redes sociais deixam transparecer o total desgoverno de quem nos governa e transportam-me com facilidade a 1993, à altura em que dava os meus primeiros passos na política, num tempo em que era comum os apoiantes do PSD enganarem o eleitorado com a ideia de que se o PPD perdesse eleições acabariam as reformas, as pensões por invalidez e os desertores seriam despedidos com justa causa.
É incrível constatar que, passados mais de trinta anos, o PPD ainda recorre às mesmas estratégias e não mostra qualquer pudor em tentar enganar os menos esclarecidos. Vale-nos o facto de que a informação corre mais depressa e através de mais meios, embora ainda que, muitas vezes, se constate que a batalha continua a ser desleal. É fácil constatar, até pelo modo como os meios de comunicação trabalham na Região, que a luta política nesta terra é muito desigual. Enquanto o PSD-Madeira combate com obus toda a oposição empunha uma rudimentar fisga.
Então, afinal, quem merece ser castigado? Quem tenta lutar com os meios legais que tem à sua disposição ou quem nos conduziu a esta situação por desonestidades contínuas e reiteradas?
Então afinal, quem merece ser castigado? Quem quer devolver a palavra aos eleitores ou quem tornou a abusar da confiança do eleitorado?
Então afinal, quem merece ser castigado? Quem acredita na alternância ou quem quer perpetuar-se no poder, apoiado por correligionários como Valter Correia que, paradoxalmente, em cenário autárquico, afirma não querer que o poder seja perpétuo, a menos que estivesse nas mãos do PSD?
Falta coerência, falta humildade, falta respeito pela população da Madeira e do Porto Santo.
Falta colocar os interesses do coletivo acima dos vis interesses individuais e isto serve não só para o PSD mas para todas as forças partidárias.
É desta forma que pensa o Emanuel Câmara, o cidadão que, se o Governo se mantivesse em equilibrismo, seria deputado na Assembleia Legislativa Regional a partir de outubro de 2025. Para muitos seria motivo mais do que suficiente para se manterem cegos, surdos e mudos.
Para mim, que estou na política há mais de 30 anos, não é um lugar na Assembleia que me dissuadirá de ser coerente e de continuar a defender os interesses dos madeirenses e dos porto-santenses. Não tenho dúvidas de que se houvesse mais gente a pensar desta forma o PSD já não era poder nesta Região.
Se a moção de censura for aprovada, a 17 de dezembro cairá o executivo minoritário do PSD que já está, diga-se, em queda livre.
E depois? Depois que se castigue quem deve ser efetivamente castigado!