O Ministério da Educação de Itália anunciou hoje que vai averiguar denúncias sobre a utilização em algumas escolas do país de manuais de História e Geografia alegadamente ‘pró-Putin’, com distorções de factos, tal como a anexação da Crimeia.
O jornal La Repubblica noticiou hoje que as alegadas distorções de factos pró-Putin nos manuais foram denunciadas por um grupo de activistas ucranianos, e recolhidas e averiguadas pela jornalista ucraniana Irina Cascei e pelo diretor do Observatório da Ucrânia no Istituto Gino Germani, Massimiliano di Pasquale, que, após analisarem mais de uma dezena de textos publicados entre 2017 e 2023 e adotados por escolas secundárias, consideraram que os mesmos “contam os acontecimentos na versão de [Vladimir] Putin”, o Presidente russo.
Entre as “distorções” observadas nos manuais, incluindo de grandes editoras, contam-se mapas da Rússia que contêm a Ucrânia e notas a indicar que a Crimeia foi anexada em 2014 “a seu próprio pedido”, após ter pedido a intervenção militar de Moscovo e realizado um “referendo livre”.
O embaixador ucraniano em Itália, Yaroslav Melnyk, comentou hoje que este caso de “desinformação russa nos livros escolares”, que “favorece a criação de uma versão distorcida dos acontecimentos, alterando a realidade e manipulando a perceção da história, da geografia e dos processos políticos”, faz parte de “uma campanha massiva do Kremlin destinada a espalhar narrativas falsas, a influenciar a opinião pública na sociedade italiana e a promover os objetivos políticos de Moscovo de dividir a sociedade”.
O Ministério da Educação e Mérito italiano já reagiu hoje, anunciando que vai levar a cabo uma averiguação para constatar “se os conteúdos dos manuais de história e geografia apresentam questões críticas, na sequência das notícias sobre a distribuição de manuais escolares para escolas secundárias com uma visão tendenciosa e distorcida da realidade histórica, a favor de uma narrativa da Rússia de Putin e da União Soviética comunista”.