O Governo alemão rejeitou hoje a proposta do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, para cortar o diálogo político com Israel, em resposta às violações dos direitos humanos nas ofensivas militares em Gaza e no Líbano.
Borrell pretende apresentar na próxima segunda-feira aos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE uma proposta para que esta invoque a cláusula dos direitos humanos para suspender o diálogo político com o Governo israelita liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, depois de Espanha e a Irlanda terem instado, no início de 2024, a que se analisasse se Israel estava a cumprir todas as secções do Acordo de Associação.
Vários países já manifestaram as suas reservas em relação à medida proposta pelo Alto Representante da UE para a Política Externa, que a apresentou pela primeira vez na quarta-feira, numa reunião ao nível de embaixadores, de acordo com várias fontes diplomáticas citadas pela agência de notícias Europa Press.
O executivo da Alemanha foi dos primeiros a pronunciar-se publicamente, para dizer que a sua ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, vai dizer “não”.
“Somos sempre a favor de manter os canais de diálogo abertos. Naturalmente, isso também se aplica a Israel”, explicou o ministério dos Negócios Estrangeiros alemão.
Berlim considera que a interrupção do diálogo “não ajudaria ninguém”, nem a população da Faixa de Gaza, nem os reféns ainda lá mantidos em cativeiro, nem os israelitas que estão empenhados em construir pontes.
O Governo do chanceler Olaf Scholz defende que o Conselho de Associação é o enquadramento adequado para analisar qualquer eventual incumprimento por parte das autoridades israelitas.
Baerbock esclareceu, numa entrevista concedida à televisão, que o executivo está, sim, a equacionar a possibilidade de impor sanções a ministros israelitas a título individual por possíveis violações do Direito Internacional.