Milhares de pessoas saíram hoje às ruas de Budapeste para protestar contra o Governo de Viktor Orbán que, nas últimas semanas, tem sido alvo de um escândalo de corrupção que envolve o chefe de gabinete do primeiro-ministro.
O caso começou em 2021, quando o ex-secretário de Estado do Ministério da Justiça Pal Volner se demitiu na sequência de acusações da polícia de que tinha aceitado subornos.
No entanto, as suspeitas intensificaram-se nas últimas semanas depois de o ex-marido da antiga ministra da Justiça Judit Varga ter aludido, numa gravação privada, ao alegado envolvimento do chefe de gabinete do primeiro-ministro no esquema de corrupção.
Varga, considerada uma aliada muito próxima de Orbán, foi mesmo proposta para cabeça-de-lista do partido no poder, o Fidesz, nas eleições europeias, mas foi, entretanto, envolvida num outro escândalo relativo ao indulto de um acusado de abusos infantis, e renunciou ao cargo.
A nova origem de pressão ao Governo surgiu nos últimos dias devido à atividade do seu ex-marido, Peter Magyar, que fundou o seu próprio movimento político e publicou uma gravação – alegadamente de janeiro de 2023 - que demonstrará que o chefe de gabinete de Orbán, Antal Rogán, manipulou documentação relativa a Volner.
Magyar descreveu o primeiro-ministro como o “chefe de um Estado mafioso”, enquanto o Governo tenta distanciar-se de qualquer suspeita.
Varga, “orgulhosa” da sua passagem pelo executivo, criticou publicamente o seu ex-marido, a quem acusou, em mensagens divulgadas na rede social Facebook, de “chantagem” e de abusos.
Peter Magyar afirmou hoje que a manifestação que está a decorrer na capital do país não será o último protesto contra o Governo e apelou aos cidadãos para realizarem no dia 06 de abril “a maior manifestação” da era Orbán.