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ONU: Lula da Silva aponta inação para cumprir acordos climáticos e critica guerras

Data de publicação
24 Setembro 2024
16:53

O Presidente do Brasil afirmou hoje, na abertura da 79.ª Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, que o planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos e criticou as guerras em curso no planeta.

“Estamos condenados à interdependência da mudança climática. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos. Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega”, afirmou Luiz Inácio Lula da Silva.

O governante sul-americano salientou que 2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna e que os furacões no Caribe, tufões na Ásia, secas, inundações em África e chuvas torrenciais na Europa deixam um rastro de mortes e de destruição e que “o negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global”.

“No sul do Brasil tivemos a maior enchente desde 1941. A Amazónia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto”, afirmou o governante, citando problemas ambientais que têm afetado o país sul-americano.

O Governo brasileiro, apesar de anunciar um compromisso com a defesa do meio ambiente, pouco tem conseguido fazer para controlar os incêndios este ano, atribuídos em parte à crise climática, mas também à ação humana, e que estão a causar estragos no país.

Lula da Silva afirmou que “não terceiriza responsabilidades” nem o Brasil abdica da sua soberania, e sustentou que o país sul-americano sediará a COP-30, em 2025, “convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática”.

Falando sobre os conflitos armados entre países atualmente em curso, o Presidente brasileiro lembrou que condenou de maneira firme a invasão do território ucraniano e defendeu um acordo para tentar acabar com o conflito iniciado com a ação militar russa.

“Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar (...) Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento”, avaliou Lula da Silva, referindo o entendimento de seis pontos que China e Brasil oferecem para que se instale um processo de diálogo e o fim das hostilidades entre a Rússia e a Ucrânia.

Lula da Silva afirmou que o mundo assiste a uma das maiores crises humanitárias da história recente em Gaza e na Cisjordânia, conflito que agora se expande perigosamente para o Líbano.

“O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelitas inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo”, declarou o líder brasileiro, que tem criticado as ações bélicas de Israel em Gaza.

“Este ano, o número dos que necessitam de ajuda humanitária no mundo chegará a 300 milhões. Em tempos de crescente polarização, expressões como ‘desglobalização’ se tornaram corriqueiras. Mas é impossível ‘desplanetizar’ nossa vida em comum”, afirmou o Presidente brasileiro.

Aproveitando a preocupação já manifestada por parte da cúpula da ONU, o Presidente brasileiro também insistiu que, do ponto de vista dos países emergentes, a estrutura atual da organização multilateral não serve mais todos os interesses.

“Na fundação da ONU, éramos 51 países. Hoje somos 193. Várias nações, principalmente no continente africano, estavam sob domínio colonial e não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamento. Inexiste equilíbrio de género no exercício das mais altas funções. O cargo de Secretário-Geral jamais foi ocupado por uma mulher”, criticou Lula da Silva.

Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século XXI com as Nações Unidas cada vez mais esvaziada e paralisada. É hora de reagir com vigor a essa situação, restituindo à Organização as prerrogativas que decorrem da sua condição de foro universal. Não bastam ajustes pontuais. Precisamos contemplar uma ampla revisão”, concluiu.

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