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Serviços secretos alemães preocupados com aumento da espionagem na Europa

Data de publicação
14 Outubro 2024
22:26

Os serviços secretos alemães alertaram hoje para o aumento dos atos de espionagem e sabotagem na Europa, que podem ser agravados no caso de um confronto militar direto entre a Rússia e a NATO.

Numa audição parlamentar, os responsáveis dos serviços secretos alemães mostraram-se preocupados com as ameaças e com a falta de resposta interna.

“As coisas estão a arder por todo o lado”, disse Thomas Haldenwang, chefe dos serviços secretos alemães (BfV), referindo-se às ameaças vindas do exterior da Alemanha - da Rússia, da China e do Irão - bem como do interior do país, através do extremismo islâmico ou da extrema-direita.

Os chefes dos serviços secretos alertaram particularmente para as ações de Moscovo na Alemanha no contexto da guerra na Ucrânia, país que tem em Berlim o seu segundo maior fornecedor de armas, a seguir aos Estados Unidos.

“Quer queiramos quer não, estamos em conflito direto com a Rússia”, declarou o chefe dos serviços alemães de espionagem e contraespionagem (BND), Bruno Kahl.

“A espionagem e a sabotagem russas estão a aumentar na Alemanha, tanto em termos quantitativos como qualitativos”, acrescentou Thomas Haldenwang.

A Alemanha tem sido abalada por vários casos de alegada espionagem russa, sobretudo desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Em abril, dois homens de nacionalidade russa e alemã foram acusados de planear atos de sabotagem em nome da Rússia, incluindo numa base do exército americano, com o objetivo de prejudicar a ajuda alemã à Ucrânia.

Haldenwang acusou Moscovo de estar por trás do caso de uma encomenda que se incendiou num centro da DHL em Leipzig (leste), em julho, antes de ser transportada por avião.

Se a encomenda “tivesse explodido a bordo durante o voo”, teria havido um acidente e os destroços poderiam ter atingido milhares de pessoas, afirmou o responsável, salientando também o aumento das campanhas de desinformação e a utilização de drones espiões.

A ameaça russa passou de “tempestade” a “verdadeiro furacão”, deslocando-se “de leste para oeste”, numa comparação com os Estados Bálticos e a Polónia, onde as ações russas “são muito mais fortes do que aqui”.

Martina Rosenberg, presidente do Serviço de Contra-Informações Militar (Bamad), referiu um “aumento significativo dos atos de espionagem e sabotagem” contra o exército alemão.

Segundo Rosenberg, Moscovo procura descobrir “as entregas de armas alemãs à Ucrânia” e “criar um sentimento de insegurança”. E o Kremlin “está a preparar-se para uma nova escalada de ações híbridas e secretas”, disse Kahl.

Com estes atos de ingerência “sem precedentes”, o Kremlin quer “testar as linhas vermelhas do Ocidente”, disse Kahl.

Na sua opinião, a Rússia estará “provavelmente” em condições de “atacar a NATO até ao final desta década”.

Numa entrevista ao diário Handelsblatt, a ministra do Interior, Nancy Faeser, acusou Moscovo de agir “de forma cada vez mais agressiva”.

A ministra afirmou ainda que os serviços alemães “impediram possíveis ataques explosivos” e “demonstraram a gravidade da ameaça” da Rússia há apenas alguns meses.

Em julho, o canal americano CNN noticiou que os Estados Unidos e a Alemanha tinham impedido uma tentativa de homicídio atribuído à Rússia contra o chefe do grupo industrial alemão Rheinmetall, que fornece armas à Ucrânia. Moscovo rejeitou estas acusações.

Em agosto, receios de sabotagem desencadearam alertas de segurança em duas bases militares na Alemanha.

Na quarta-feira, o Governo alemão anunciou também medidas para reforçar os controlos de segurança, nomeadamente nas redes sociais, em resposta ao risco acrescido de espionagem de ministérios e de sabotagem de infraestruturas críticas.

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