As autoridades de Valência restringiram esta madrugada a circulação de veículos nas zonas mais afetadas pelas cheias em Espanha, limitando-a aos serviços essenciais e às empresas responsáveis por garantir o fornecimento de serviços básicos.
A decisão surgiu horas depois do governo regional da Comunidade Valenciana ter avisado que ponderava tomar medidas para restringir os acessos a diversos locais, sobretudo, durante o fim de semana.
De acordo com um despacho publicado hoje no Diário Oficial da Comunidade, a circulação está restrita desde a meia-noite e pelo menos até às 23:59 (22:59 em Lisboa) de domingo.
O documento prevê entre as exceções o atendimento em centros, serviços e estabelecimentos de saúde, o cumprimento de obrigações laborais, profissionais, empresariais, institucionais ou legais e o regresso ao local de residência habitual ou familiar.
Outras exceções são a assistência e cuidados a idosos, menores, dependentes, pessoas com deficiência ou pessoas especialmente vulneráveis, para ações necessárias ou urgentes perante organismos públicos, judiciais ou notariais, por motivo de força maior ou situação de necessidade.
A Direção-Geral do Tráfico espanhol alertou esta madrugada que continuavam a registar-se muitos problemas nas estradas das regiões de Valência e Castellón.
De acordo com a Agência Estatal de Meteorologia espanhola, continuará a chover hoje nas ilhas Baleares, na Catalunha e na Comunidade Valenciana, pelo que recomendou não circular de carro por estas zonas.
A solidariedade das populações com os mais atingidos pelo temporal de terça-feira à noite, que provocou mais de 200 mortos, segundo os últimos balanços oficiais, atingiu tal dimensão na sexta-feira, um dia feriado em Espanha, que as autoridades apelaram ao regresso a casa dos voluntários ou a que, pelo menos, não se deslocassem de carro, por estarem a impedir o acesso dos meios de emergência e assistência da polícia, das Forças Armadas e dos serviços de saúde.
“É imperativa a necessidade de que regressem às suas casas”, dizia ao final da manhã o presidente do governo regional da Comunidade Valenciana, numa declaração à comunicação social.
Carlos Mazón alertava que colunas de milhares de pessoas estavam a sair às ruas, a pé ou em carros, “com a melhor das vontades”, mas estavam “a colapsar” acessos que de os profissionais precisavam para trabalhar e levar ajuda às populações mais afetadas.
A Comunidade Valenciana acabou, ao final do dia, por avançar com a criação de um centro de coordenação na cidade de Valência para gerir as multidões de voluntários.
O executivo pediu aos voluntários para a partir das 07:00 de hoje se dirigirem à Cidade das Artes e das Ciências de Valência, onde funcionará o centro de voluntariado e a partir de onde serão organizados e orientados grupos para as tarefas e locais necessários.