O presidente do Chega afirmou hoje que o seu partido vai abordar com responsabilidade o processo de discussão do Orçamento do Estado na especialidade, mas alertou que quer fazer cumprir o seu programa eleitoral.
“Nós vamos trabalhar na especialidade com responsabilidade” e “sem desvirtuar aquilo que é o orçamento”, afirmou André Ventura em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, no final do debate e votação na generalidade do Orçamento do Estado para o próximo ano.
O líder do Chega indicou, no entanto, que quer fazer cumprir as medidas que constam no programa eleitoral do seu partido, questionando “com que cara” poderia defender, por exemplo, um aumento de pensões, a descida do IRC ou a proibição do descongelamento da taxa de carbono, e depois votar contra.
“Isto não é aliança nenhuma com ninguém, isto é fazer cumprir aquilo para que fomos eleitos”, defendeu.
Questionado se essas medidas não poderão comprometer as contas previstas pelo Governo, André Ventura considerou que “só se o Governo quiser fazer um ensaio de vitimização e de chantagem”.
“Se um Governo que tem uma curtíssima maioria vier dizer aos portugueses que se forem duas ou três medidas aprovadas se demite, vai embora, e que a culpa é a nossa, então o Governo sempre quis eleições e está à procura de um qualquer pretexto para as provocar”, defendeu, pedindo humildade ao executivo.
André ventura respondeu também à acusação do ministro da Presidência de que o Chega só tem uma utilidade, que é ser “o parceiro júnior do PS”.
“Quando chegou a hora da verdade, nós vimos quem votou ao lado do Governo [...] hoje acho que ficou clara uma coisa, há um parceiro do Governo, que é o PS”, disse, numa alusão ao PS ter permitido a viabilização do orçamento, abstendo-se na votação. O líder do Chega insistiu que o seu partido liderará a oposição.
Nesta declaração, André Ventura foi questionado também sobre a situação política na Madeira e o facto de ter defendido a apresentação de uma moção de censura.
O presidente do Chega indicou que o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, “insiste e persiste em não dar nenhuma explicação e achar arrogantemente que pode fazer o que entende” e defendeu que “o Chega deve ter uma atitude crítica em relação a isto e deve mostrar que quer fazer um corte com este passado de conluio e de corrupção na Madeira”.
Ventura insistiu que o partido deve apresentar uma moção de censura, mas ressalvou que essa é uma decisão do Chega/Madeira, e disse que a Direção Nacional vai reunir-se no início da próxima semana para avaliar a questão.
“O partido tem uma lógica hierárquica, não obstante as autonomias e, obviamente, havendo uma indicação nacional de um determinado sentido, o que eu espero é que essa indicação nacional seja acatada”, afirmou.