Uma operação da Interpol visando muitos dos fugitivos mais perigosos da América Latina, Caraíbas e Europa permitiu capturar 58 “criminosos de alto risco”, um deles em Portugal, bem como localizar outros 28, indica um comunicado da corporação.
No comunicado, que não identifica nem avança pormenores sobre a detenção feita em Portugal, a Organização Internacional de Polícia Criminal adianta que partiu de mais de 150 casos de indivíduos procurados por acusações de crimes violentos e organizados.
Nesse sentido, a “task-force” da Interpol, que reuniu investigadores de 12 países da América Latina e das Caraíbas, bem como de quatro países da Europa, entre eles Portugal, partilhou informações e seguiu pistas de investigação entre julho e dezembro deste ano.
Segundo o comunicado, os fugitivos, alguns dos quais eram procurados há 15 anos, estavam todos sujeitos aos Avisos Vermelhos da Interpol, um alerta internacional de pessoas procuradas que ajuda a prender milhares dos criminosos mais perigosos do mundo todos os anos.
“Este resultado surpreendente demonstra o impacto muito real da cooperação policial internacional. Reunir as polícias além-fronteiras, mesmo que seja apenas por uma semana, pode resolver casos em aberto, colocar criminosos atrás das grades e tornar as nossas comunidades mais seguras”, afirmou o secretário-geral da Interpol, Valdecy Urquiza, citado no comunicado.
Antes da operação, prossegue o documento da organização, a Unidade de Apoio à Investigação de Fugitivos da Interpol trabalhou com os países participantes para estabelecer uma lista de alvos prioritários, selecionando criminosos que tivessem cometido crimes violentos, como violação ou homicídio, ou que estivessem ligados ao crime organizado.
“Até à data, 15 dos detidos eram procurados por homicídio, enquanto 14 eram acusados de tráfico de droga e 18 de crimes contra crianças. Na Europa, 23 fugitivos foram detidos, 13 deles em Espanha, seis em Itália, três em França e um em Portugal”, refere a Interpol.
Outros 28 fugitivos foram localizados pela ‘task force’, continuando as autoridades a trocar informações e a trabalhar para a sua detenção.
Entre as pessoas detidas contam-se um cidadão argentino – a Interpol avança com o nome Cláudio Marcelo C. – procurado por abuso sexual de um menor e apanhado em Espanha, e um alegado branqueador de capitais equatoriano – identificado como Andrés M. –, considerado um dos fugitivos mais procurados de Espanha.
Outro dos detidos em que a Interpol divulga o nome é Domingos Manuel, acusado de violação de um menor e incluído na lista dos fugitivos mais procurados em Espanha, que foi detido no Brasil, enquanto Alan P., procurado pelas autoridades equatorianas por branqueamento de capitais, foi detido em Barcelona, Espanha.
A Interpol divulgou também o nome de David E. G., procurado pelo Brasil e detido pelas autoridades colombianas após ter alegadamente assassinado a sua namorada na presença da sua filha de oito meses.
“A criança foi deixada num berço ao lado do corpo da mãe e foi descoberta vários dias depois em estado de subnutrição.
A operação faz parte do projeto Support to El PACCTO 2.0, da INTERPOL, financiado pela União Europeia (UE) e que visa reforçar uma rede permanente de investigadores de fugitivos na América Latina, Caraíbas e Europa.
Segundo o comunicado, o projeto facilita as investigações conjuntas de fugitivos através de uma maior cooperação policial inter-regional e de um intercâmbio de informações normalizado.
A primeira fase do projeto El PACCTO da INTERPOL resultou em 150 detenções e localizações positivas ao longo de cinco anos, de 2018 a 2022.
As 86 detenções e localizações positivas produzidas no âmbito do projeto EL PACCTO 2.0 representam o valor mais elevado de sempre para uma única operação em qualquer uma das fases.
Segundo o comunicado, além das detenções na Europa, a Interpol prendeu dois criminosos nos Estados Unidos, sete na República Dominicana, sete também na Colômbia, seis no Peru, cinco na Argentina, três no Brasil, dois em El Salvador e um no Panamá. A Bolívia, Costa Rica, Belize e Jamaica surgem no mapa de detenções, mas sem que tenha sido apresentado qualquer número.
Além de Portugal, participaram na operação EL PACCTO 2.0 as polícias da Argentina, Belize, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Espanha, França, Itália, Jamaica, Panamá, Peru e República Dominicana.