O secretário-geral do PCP acusou hoje o Governo de estar a “quebrar o caminho” seguido no salário mínimo e ironizou que “é tão ambicioso” que prevê atingir em 2028 um valor que os espanhóis alcançaram em 2023.
Em declarações aos jornalistas após ter entregado panfletos a trabalhadores da empresa Exide Technologies, em Castanheira do Ribatejo, Paulo Raimundo foi questionado sobre a proposta do Governo de aumentar o salário mínimo nacional para os 870 euros em 2025, e alcançar os 1.020 em 2028.
Na resposta, o líder do PCP ironizou que o Governo é “muito ambicioso” e tem como ambição que, “em 2028, os trabalhadores portugueses tenham como salário mínimo o salário que os espanhóis já tiveram no ano passado”.
“É de facto um Governo muito ambicioso, tão ambicioso que a proposta que avança de salário mínimo nacional na prática é quebrar com o caminho que vinda sendo construído: nós tivemos, em 2022, 55 euros de aumento. Em 2023, 60 euros de aumento. E, agora, temos 50”, criticou.
Paulo Raimundo defendeu que o Governo “é ambicioso e rápido” a responder aos interesses dos grupos económicos e insistiu que é necessário fixar desde já o aumento do salário mínimo nacional nos 1.000 euros.
Questionado sobre qual é a meta que o PCP considera que deveria ser atingida em 2028, Paulo Raimundo lamentou que, quando se fala de salários, “é tudo para 2028 ou 2029”.
“Já para o IRC parece que é agora, mas o resto é tudo para 2028 e 2029. Fixe-se agora os mil euros - no limite a 01 de janeiro de 2025 - e, depois, estamos cá para discutir”, disse, acrescentando que a fixação de metas “é conversa de quem faz a vida, felizmente, muito mais folgado” do que os “800 mil” trabalhadores que recebem o salário mínimo nacional ou os “quase três milhões” que recebem mil euros brutos por mês.
“Como a gente não fala de cor, e sentimos todos a pressão do dia-a-dia, eu vou desculpar esses que falam dessa maneira porque não têm de viver com isso”, disse.