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Artigo de Opinião

12/10/2024 08:00

Já alguma vez experimentou pessoalmente o estigma por algum motivo? Como se sentiu?

O melhor é começar por definir que o estigma são atitudes, crenças ou comportamentos negativos sobre uma pessoa ou um grupo de pessoas devido à sua situação na vida. E que inclui discriminação, preconceito, julgamento e estereótipos que podem isolar as pessoas. É colocar um carimbo numa pessoa que a exclui da comunidade.

É quando alguém vê outro de uma forma negativa criando uma grande barreira ao bem-estar das pessoas. Muitas vezes o preconceito e a discriminação, mesmo que não intencionais, são impeditivos das pessoas se relacionarem uns com os outros normalmente e de se integrarem na sociedade.

E o estigma relacionado com o consumo de substâncias psicoativas?

Segundo a Organização Mundial da Saúde as pessoas com transtornos relacionados com o consumo de álcool e outras drogas estão entre as mais estigmatizadas.

Reflete-se através do uso de uma linguagem ofensiva que envergonha e menospreza as pessoas. E por ser uma linguagem estigmatizante, imprecisa e vaga, pode levar a um ciclo de comportamentos e atitudes que isolam e marginalizam, ainda mais, as pessoas que consomem substâncias.

O julgamento, a perceção, a falta de informação e a discriminação são a principal barreira na procura de tratamento e dos serviços disponíveis.

Sabemos, através das conversas do dia a dia, que as palavras que usamos têm um impacto direto e profundo nas pessoas ao nosso redor. Por vezes devastador. É possível reduzir o estigma alterando o vocabulário quando se fala sobre o consumo/abuso de drogas. O uso adequado das palavras contribuí para uma maior integração social e bem-estar das pessoas com problemas de adição.

Usar uma linguagem que prioriza a pessoa e a sua identidade, em vez de descrever os seus atributos pessoais ou condições de saúde. Ninguém deve ser definido pela sua doença ou condição de saúde e esse princípio básico também se aplica a pessoas com adições.

Ao dirigir-se a uma pessoa com problemas de adição evite falar de imediato sobre o consumo de substâncias. Use uma linguagem que reflita respeito e preocupação, em vez de julgamento (“Como posso ajudar?” em vez de “Não vê como está a prejudicar-se a si mesmo e aos outros?”). Evite as gírias como “viciado”, “drogado”, “toxicodependente” e opte por dizer “pessoa que usa drogas”.

As pessoas com problemas de consumo de substâncias geralmente acreditam que o tratamento é difícil e o estigma reforça essas crenças. Faça um discurso positivo que reconheça e promova o bem-estar, independentemente de as pessoas serem diferentes. E de que se trata de um processo contínuo.

Mais uma vez cabe-nos a nós acabar com o estigma:

• Não julgue ninguém só porque consome substâncias psicoativas (lícitas ou ilícitas).

• Seja respeitador, compreensivo e atencioso.

• Desconstrua estereótipos e eduque seus amigos e familiares.

• O vício é uma condição médica tratável, não uma escolha, e merece cuidados como qualquer outra condição médica.

• Esteja ciente das suas atitudes e comportamentos porque eles podem ser influenciados por estereótipos, histórias e imagens negativas sobre indivíduos que consomem drogas.

Lembre-se: Ninguém escolhe ficar viciado da mesma maneira que ninguém escolhe ficar diabético. Por vezes é a falta de conhecimento sobre as causas e condições dos transtornos por uso de substâncias que descriminaliza e impede as pessoas de pedirem ajuda e silencia os familiares e amigos.

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