MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Economista

22/08/2024 08:00

Apesar das preocupações crescentes, parece que pouco está a ser feito para limitar a propagação do mpox. A delegação europeia da OMS, sediada em Copenhaga, apelou mesmo contra a “estigmatização” dos viajantes provenientes de África e dos próprios países e regiões afectados. Além disso, a OMS tem insistido que as restrições às viagens e o encerramento das fronteiras são ineficazes e devem ser evitados.

Em vez de tentar evitar que o vírus chegue à Europa, a abordagem adoptada pelos responsáveis europeus parece centrar-se na gestão da propagação doméstica do mpox e no discurso anti-estigmatização dos portadores da doença.

O professor sueco de virologia Matti Sällberg afirmou que “o importante agora é garantir que não haja propagação doméstica”, em vez de dar prioridade a medidas para manter o vírus à distância. A contrário, a China anunciou que, nos próximos seis meses, irá monitorizar as pessoas e bens que entram no país provenientes de países africanos onde existe um surto de mpox. Esta atitude pró-ativa põe em evidência as diferenças gritantes entre as abordagens adoptadas pelas autoridades europeias e chinesas no que respeita à ameaça potencial da mpox. Reflete também a continua inação por parte da UE relativamente à vaga de imigrantes ilegais oriundos de África e Médio Oriente que todos os dias “invade” território europeu!

Entretanto, a empresa dinamarquesa de biotecnologia Bavarian Nordic declarou que pode fornecer 10 milhões de doses da sua vacina contra a varíola aos países africanos até ao final de 2025. Embora este seja um gesto nobre, não responde à necessidade imediata de medidas preventivas para limitar a propagação inicial do vírus, nem de imunização da população Europeia.

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) recomendou que os países considerem a possibilidade de aconselhar a vacinação contra a varíola às pessoas que visitem áreas afectadas pela versão mais mortal do vírus. Esta sugestão sublinha a necessidade de medidas proactivas para proteger as pessoas que viajam para regiões com surtos activos de varíola. Ao mesmo tempo, o ECDC avisou também que é “altamente provável” que a Europa venha a registar mais casos da estirpe mais perigosa do vírus da varíola, na sequência da deteção do primeiro caso na Suécia. Este facto reforça a urgência de uma resposta abrangente e coordenada a esta ameaça emergente.

O surto de mpox é um desafio global que requer um esforço unificado e internacional para conter e mitigar eficazmente o seu impacto. Confiar apenas nos sistemas de saúde dos países africanos afectados para gerir a propagação do vírus não é uma estratégia sustentável ou responsável.

A pandemia de COVID-19 demonstrou a importância crucial de uma ação rápida e decisiva face às doenças infecciosas emergentes. A não aplicação de controlos fronteiriços eficazes e de medidas preventivas durante as fases iniciais do surto de COVID-19 exacerbou o impacto global do vírus. Os decisores políticos deveriam ter aprendido com estas lições para garantir uma resposta mais proactiva e coordenada à crise do mpox.

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