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Artigo de Opinião

Doutorada em História / Investigadora

2/10/2024 08:00

Hoje, Dia Internacional da Não-Violência, um dia depois de se comemorar outro dia internacional, O Dia Internacional do Idoso, partilho convosco, em género de reflexão, algumas impressões sobre “A Substância “, filme que marca o regresso de Demi Moore.

Aclamado no último Festival de Cannes, onde se estreou e ganhou o prémio de Melhor Roteiro, o novo filme de Coralie Fargeat, interpretado por Demi Moore, está a ser considerado pelos especialistas da indústria do cinema como um novo clássico contemporâneo, no subgénero do terror, conhecido como ‘body horror’. E, para mim, que pouco percebo desta indústria, mas que aprecio a sua companhia nas tardes de domingo, não podia ter outra caracterização. É, para mim, um verdadeiro soco no estômago. Nele, está muito bem retratada a impiedosa pressão e obsessão dirigida sobre as mulheres, sobretudo as da minha idade, pela aparência deslumbrante, fresca e jovem, desde o acordar, até ao acordar de novo, pelo rejuvenescimento, pela imagem de uma melhor versão de si mesma. Custe o que custar. Não vou dar mais spoilers, mas não posso deixar de fazer referência à história que é encarnada pela brilhante atriz Demi Moore, que começa com a colocação de uma estrela no Hollywood Walk of Fame - Calçada da Fama ou Passeio da Fama -, em Hollywood, identificada com o nome de Elisabeth Sparkle. Se, num primeiro momento, a recém colocada estrela é muito admirada pelos fãs da atriz que diariamente por lá passam, num momento posterior, ou seja, com o passar do tempo, deixa de ser novidade, passa a ser só mais uma estrela da Calçada da Fama. Uma das 2500 estrelas rosas, de cinco pontas, que brilham nos passeios da Hollywood Boulevard e da Vine Street. A primeira, foi colocada em 1960, e foi gravada com o nome de uma mulher: é Joanne Woodward, atriz americana.

É aqui que volto às mulheres, sobretudo às que no dia de ontem, entre uma conversa e uma gargalhada solta, preenchiam a sala onde estavam, com a leveza que impõem os seus cabelos brancos. Umas pela idade, outras pelo gosto pessoal. O idadismo, um conceito enraizado na nossa sociedade, merece mais debate. Sabemos que a discriminação, em função da idade, pode afetar qualquer pessoa, mas o que os estudos mais recentes revelam é que esta é mais frequente face aos nossos mais velhos. E, ainda é maior, em relação às nossas mais velhas. Às mulheres. O combate ao idadismo tem que ser mais impactante, eficaz. Com recurso a políticas públicas e a legislação, a intervenções ao nível da educação, que promovam um maior e mais feliz contacto intergeracional.

Em dias internacionais como o de ontem, e o que hoje se comemora, não podemos deixar de fazer referência à questão do género, que também é muito importante. Envelhecer enquanto mulher ou enquanto homem, tem um impacto muito diferente. É inegável, e os estudos assim o demonstram, que existe uma dupla discriminação em envelhecer na condição de mulher. Tendo em conta o relatório da OMS e o estudo “Portugal Mais Velho”, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, o idadismo «prejudica gravemente a saúde física e mental, logo, o bem-estar social das pessoas que são vítimas e, no limite, traz também um alto preço económico para os Estados». Eu não quero contribuir para esta cultura de antienvelhecimento.

Vejam o filme. Tirem as vossas conclusões.

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