Agora, não. Não vamos deixar que o medo do futuro tolhe a nossa esperança. Não vamos deixar que o desencanto nos apague a luz. Não vamos deixar que a tristeza nos impeça de avançar. Agora, não.
Vamos olhar para o que há de vir e acreditar que ainda é possível encontrar o caminho certo que nos leve de volta ao nosso lugar. Vamos segurar o que ainda resta de paz, de justiça, de verdade, de amor.
Vamos viver este tempo que é o nosso tempo, com a força que (ainda) nos resta, porque o mundo precisa de nós. Juntos. De nós. Cada um com a vida que tem, com o passado que tem, com a coragem que tem. Não vamos desistir agora. Porque é deste agora que é feito o nosso amanhã.
Entre nós e os (nossos) sonhos, há uma paisagem que se desenha, livre, em direção ao futuro. Basta descolar o queixo do peito, perder por instantes o telemóvel, e olhar. Deixemos que a beleza do que existe à beirinha de nós tome conta deste agora que o verão nos propõe. Deixemos que a liberdade se escreva dentro de nós, como dantes, como quando o verão era apenas isso: verão.
Agora, não. Não vamos tropeçar em memórias do que já não pode ser. Vamos construir memórias novas, daquelas que nos aquecerão nas noites longas dos invernos. Vamos deixar que o silêncio das tardes console os nossos pensamentos cansados de tantas coisas. Vamos guardar esta alegria de estarmos aqui e de podermos perceber que, afinal, tudo está certo. Vamos aproveitar estes dias para abastecer o nosso peito de esperança.
Não, agora, não. Não vamos buscar o que nos dói. Não vamos pensar no que não podemos ser.
Não. Agora, não.
Agora, vamos viver.