Bem cedo, as raparigas aprendem que o sucesso depende de certos comportamentos estereotipados, como falar suavemente, ser atenciosa, delicada e dócil com os demais, mensagem esta ecoada ao longo da vida. Como resultado as mulheres, já adultas, limitam-se a agir segundo os preceitos que lhes ensinaram. Contudo, os comportamentos que eram adequados em miúda deixaram de o ser na vida adulta, minando a sua carreira profissional.
Quando as mulheres tentam libertar-se da pressão social de que são alvo, acabam ridicularizadas, censuradas e desprezadas. Desde a mãe de família que sempre preveniu as filhas para o facto de os rapazes não gostarem de raparigas que falam muito alto, ao marido que perante um desabafo da mulher lhe pergunta se está para lhe vir o período, as mulheres são constantemente incitadas a comportarem-se em conformidade com o padrão que lhes foi incutido na infância. Quando tentam despir-se desses papeis e agem de forma madura, deparam-se com resistências subtis que visam a manutenção do papel de meninas. Quem nunca ouviu comentários como: "Ficas tão gira quando estás zangada" ou "Porque não ficas satisfeita com o que já tens?" Com o tempo, muitas mulheres chegam à conclusão que lhes é menos doloroso adotar comportamentos de "boa menina" do que assumir atitudes ajustadas ao seu estatuto de mulheres feitas - atitudes essas favorecidas no género masculino.
A verdade é que o nosso comportamento não tem de reproduzir o que nos ensinaram na infância. Assiste-nos o direito de escolha, de assumirmos a liderança de nós próprios. Não obstante todo o trabalho que tem de ser feito ao nível político, económico, social e familiar em prol da igualdade de género no meio laboral, há uma série de erros fatais a evitar, que minam a carreira feminina e que Lois Frankel identificou no seu livro. Erros esses que impedem as mulheres de alcançarem as suas metas profissionais e que persistem por estas não estarem cientes das alternativas, impedindo-as de desenvolver um conjunto de competências fundamentais ao seu sucesso profissional. Estes erros podem ser agrupados em sete categorias, dentro das quais destacarei apenas alguns exemplos:
1) Entrar no jogo: jogar pelo seguro; fazer o trabalho do outro; proteger incompetentes; calar o que tem para dizer.
2) Papeis a desempenhar: precisar que gostem de si; não perguntar por medo de parecer estúpida; agir como um homem; partilhar demasiada informação pessoal.
3) Estratégias mentais a usar: assumir toda a responsabilidade; seguir instruções à risca; ignorar a troca de favores; pôr o trabalho à frente da vida pessoal; recusar regalias.
4) Definir e vender a sua imagem de marca: ficar à espera que alguém repare em si; ser modesta; não arriscar; oferecer ideias; ser invisível.
5) Como se expressar: dar explicações intermináveis; pedir licença para tudo; pedir desculpa por tudo e por nada.
6) Como se apresentar: distribuir sorrisos a torto e a direito; ocupar o menor espaço possível.
7) Como reagir: convencer-se que os outros sabem sempre mais; negar o seu poder; aceitar ser o bode expiatório; tolerar o assédio sexual.
Como sabiamente disse Eleanor Roosevelt: "Ninguém pode fazê-la sentir-se inferior sem o seu consentimento." Por isso…pare de consentir! Deixe de ser uma miúda, seja uma Mulher!