No dia em que um madeirense é eleito Presidente da Federação Portuguesa de Badminton, escolho falar de desporto. Falar de desporto também é falar dos pais e encarregados de educação de um infinito de atletas que só querem competir e ser felizes.
Foco-me essencialmente na formação desportiva de crianças e jovens, numa perspetiva de democratização do acesso à prática, da promoção de estilos de vida saudáveis, do desenvolvimento do espírito de equipa na conquista de metas coletivas. Enfim, no desporto enquanto escola de vida e criação de cidadãos plenos, que competem no respeito pelas regras e pelos outros, sempre com objetivos claros de vencer, elevar-se e elevar a equipa, o clube, a sua terra e o seu país a patamares maiores. A prática desportiva que exige treino, sacrifício, dedicação e método, alimentados por gotas que formam rios de suor e lágrimas. Lágrimas tantas vezes disfarçadas, na solidão individual e coletiva, de quem tem um foco e o persegue obstinadamente.
É para estes que as políticas desportivas têm de estar mais atentas e dedicar mais apoio. O que se assiste hoje é que só temos formação desportiva à atual escala porque pais e famílias acreditam e investem. Acreditam e investem dos seus parcos orçamentos para que os seus filhos cresçam formados pelo espírito competitivo, enquadrado em regras, no respeito pelo adversário, imbuídos pela motivação de vencer.
Há uns meses atrás, na Camacha, olhando para o campo num misto de revolta e orgulho um pai dizia-me: “somos nós que estamos a pagar isto”. Ele não sabe que guardei a frase. Quiçá, pensa que não concordei, que o ignorei, pois, mais uma vez, a minha resposta pública foi o silêncio.
Sei que muitos julgam que damos muito dinheiro ao desporto. Sei que arrisco impopularidade ao afirmar que: temos de dar mais ao desporto! Sim, é preciso mais orçamento para o desporto! O que se aloca ao desporto, multiplica-se em vida e valores! Dar ao desporto é prevenção na saúde e na delinquência. Dar ao desporto é investimento na formação de adultos autónomos, focados e salutarmente competitivos. Não, a Madeira e o país não dão muito dinheiro ao desporto! Pelo contrário. Mesmo na vertente profissional, o que se atribui ao desporto multiplica-se com retorno expressivo na economia. E nem falo do alto rendimento ou projetos olímpicos, que dariam outras reflexões.
A demografia federada que temos hoje e o quadro competitivo regional só existem porque os pais investem. Investem tempo, emoções e dinheiro. Dinheiro das suas economias para que os seus filhos, os nossos atletas regionais, tantas vezes atletas nacionais e internacionais, tenham oportunidade de crescer e se desenvolver felizes, competitivos e regrados.
Por isso, homenageio os pais que ao final dos dias e aos fins-de-semana se desmultiplicam para que os seus filhos estejam prontos para competir. Sim, “somos nós que estamos a pagar isto”. Bravo, pais!
Bravo, igualmente, Duarte Anjo, caro Presidente da FPB! Ganhou o badminton, ganhou a Madeira e Portugal, mas acima de tudo sei que ganhou o desporto! E só por isso, sou também mais feliz!