É que a internet trouxe muita coisa boa, mas também não está isenta de culpas no que diz respeito a este pandemónio que actualmente se vive. Hoje em dia as redes sociais são uma autêntica praga. Antes, essas mesmas redes, resumiam-se a umas idas ao café para pôr a bilhardice em dia. Falava-se da vida dos outros e "vendia-se" a (des)informação ao mesmo preço que se tinha comprado. Ou seja, de borla e sem certificação. Saber se o "produto" era original não era, por aquela altura, prioridade. Premente, era sim, passar a palavra. Mesmo assim, os boatos demoravam muito mais tempo a serem disseminados. A isto não será alheio também o facto de dependerem bastante do tempo livre dos mensageiros! Já nos dias que correm a coisa é diferente… Para sermos incomodados já não é preciso virem bater-nos à campainha. Podem, através de um clique, do conforto do seu lar e até do anonimato, incendiar os ânimos e chegar ao outro lado do mundo no mesmo instante.
E a vida que se vive nesse território cibernético? Oh oh… Tudo do bom e do melhor! É gente que no on line vive um conto de fadas. Prospera. Passeia na abundância. E no off?! No off é enorme a discrepância. Porém, o coitado que por alguma razão já se sente desanimado e tem o azar de se "cruzar" com esta geração monopólio (geração que ainda não percebeu que ter muitos seguidores é praticamente igual a quando tínhamos muitas "notas" e imóveis nesse jogo de tabuleiro), ainda fica pior. Na cabeça dele, passa a ser o único que não vive bem! Até o marido da prima da vizinha, que ficou desempregado há 3 anos e nunca mais conseguiu trabalho, foi de férias a Ibiza com os amigos e ele não consegue sequer juntar dinheiro para ir jantar fora. Pior, a ex que vivia num T0 alugado num 5.º andar postou, há 2 horas, uma foto com 4 pernas dentro de uma piscina com o hashtag #couplegoals (qualquer coisa como metas de casal, para os que não dominam o brasileiro). A esta hora, das duas uma. Ou o fulano desliga rapidamente a net, ou então candidata-se a ter um surto psicótico em menos de nada.
Mas depois não é só isso. Para além do mundo virtual, também no real as pessoas andam todas numa pilha de nervos. Todas. Todinhas mesmo. Paciência é algo que já não existe… No trânsito esbraceja-se e vocifera-se palavreado impróprio para consumo quando algo não é do nosso agrado. Se o tipo da frente não indica a mudança de direção com a luz laranja intermitente? Sai uma buzinadela que mais parece a sirene do meio dia! Com a mão livre, faz-se um sinal, juntando e afastando as falanges, como se se estivesse a dançar "o bicho" do Iran Costa. Se, por azar, o de trás faz sinal de luzes, abre-se automaticamente um vidro e expõe-se um valente dedo do meio acompanhado de um "passar por cima". E por aí fora…. Impõe-se, portanto, uma linha de apoio para os condutores alterados! Uma, em que do outro lado, estivesse um psiquiatra a lembrar que era hora de colocar uma pastilha debaixo da língua.
Na fila do supermercado também era um bom local para ter, sei lá, um psicólogo com um divã. Não, não me refiro ao tempo que os funcionários demoram para passar os artigos pela caixa. Quem trabalha não tem culpa. Está a dar o seu melhor! Mas há quem pareça querer abastecer um batalhão e vive num agregado de 3. Isto quando não está a chegar a nossa vez e alguém se lembra de perguntar se não nos importamos que passem à frente porque são só 2 "coisinhas". É respirar fundo e sorrir. "Sim, claro. Passe à vontade!", quando o que apetece mesmo é mandá-los enfiar o par de artigos no reto e sair pela entrada para ver o segurança (por vezes raquítico, mas cheio de pose) fazer alguma coisa.
E quando, de repente, desata a rolar um tapete extra e é dito que o "cliente seguinte pode passar a esta caixa" e correm todos menos o tal? Arghhhh. Que raiva! Serão todos estrangeiros? Não percebem português? "Seguinte" não quer dizer "o mais rápido a pegar na tralha e despejá-la no tapete", ok? É sim o que segue, que vem logo depois, imediato, subsequente. Entendido?
Ps, por falar em gente descompensada, alguém consegue explicar-me o que tem na cabeça um ser que pega lume na serra e fica a vê-la a arder? Não, ser adepto do Botafogo não justifica. Medo do escuro? Tão-pouco. Não sei. Não faço ideia. Só espero que o(s) faça(m) entender que não é boa ideia brincar com o fogo e que, ainda assim, quem insiste em fazê-lo, pode queimar-se. Bem, era só uma ideia. Calma. Desculpem. Desatinei, mas não está mais aqui quem escreveu.