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Artigo de Opinião

Comunicação - Assuntos da UE

12/06/2024 08:00

160 dias. 82 mil quilómetros. O tempo que passou desde que deixei a Madeira para viajar pelo mundo. E a distância que percorri no entretanto. Mais de cinco meses a chamar a mundo de casa.

A duas semanas de terminar a expedição fora da Europa, passei pelas Filipinas, Malásia, Tailândia, Indonésia, Vietname, Austrália, Sri Lanka, Coreia do Sul, Estados Unidos, Peru, Bolívia e ainda tenho mais um país a adicionar à lista antes de apanhar o voo para o velho continente.

Todos os lugares por onde passei, contam histórias incríveis, protagonizadas por povos ainda mais fascinantes. Quero dar-lhe a conhecer um pouco do que eu aprendi em cada um deles ou o que mais me cativou em termos de experiências que vivi como viajante.

Começo pelas Filipinas, terra de inúmeras ilhas, paraísos na terra. Aprendi o quanto gostam de voleibol e karaoke. Cada Filipino canta melhor do que o outro. Nunca vi algo igual. E fazer uma expedição por ilhas remotas durante três dias, sem internet ou rede móvel, em que pude conhecer locais e fazer amizades com outros viajantes, está sem dúvida no meu top.

Por terras malaias, descobri que o mundo nem é pequeno assim. Basta um post numa rede social para descobrir um amigo. Foi assim que me apercebi que um amigo de infância, com qual tinha perdido contacto há anos, estava a viver em Kuala Lumpur (KL). No espaço de duas linhas em forma de mensagem, o meu plano para KL mudou e ele, carinhosamente, assumiu o papel de guia. Andamos juntos na escola durante vários anos e passamos o dia por KL, a deixar as memórias voarem. Rever um conterrâneo madeirense deu um ânimo ao meu coração saudoso.

A minha passagem pela Tailândia foi curta. Já lá tinha estado em 2022, mas ouvi falar de uma ilha que se assimilava ao céu na terra: Koh Lipe. Foi ali que decidi fazer o meu curso de mergulho. Pensei: “Sou de uma ilha. Quero explorar também o mundo subaquático.” Convenci duas alemãs e um inglês que conheci a fazerem o curso comigo e passamos uma semana de aventura. A estudar, a fazer perguntas sobre a pressão da água e o que fazer em caso de emergências, superamos juntos o desafio de respirar debaixo de água. Essa semana deu-me a sensação de que podia enfrentar qualquer coisa.

E a vida levou-me à Indonésia. Que rico povo. Na ilha de Java, que não é tão popular como Bali, senti-me tão acarinhada. As crianças paravam e pediam fotos comigo porque poucos turistas por lá passam. Indonésia é um dos países com mais vulcões ativos no mundo! Vi lava a escorrer por um vulcão, vi fogo azul (fenómeno que só existe ali e na Islândia), estive no topo de uma cratera... Aquela ilha tem o meu coração pelas pessoas e pelas incríveis paisagens que oferece.

E eis que chega o Vietname. Um dos países com a melhor comida. Mas o destaque vai para Ha Giang - uma terra no norte conhecida pela estrada que faz como que um círculo. A excursão que fiz consistia em percorrer 400 quilómetros em quatro dias de moto. (E eu que não adoro veículos de duas rodas.) Mas foi de uma liberdade aterradora! Tive um vietnamita como condutor e passei quatro dias na parte detrás da moto, a parar em lugares de cortar a respiração. Éramos um grupo de 12 motos e todas as noites, condutores e conduzidos, comiam, bebiam, conversavam. Que dias!

Podia escrever-lhe um livro com muito mais coisas a respeito de cada um destes lugares - mas escreverei mais sobre os últimos sete países na próxima crónica (temos encontro marcado aqui no dia 10 de Julho?).

Espero que pelo menos lhe tenha inspirado a descobrir um destes lugares por si, seja em viagem ou de outra forma. Da minha parte, em breve rumo ao último país da América Latina antes de regressar à Europa, com um sentimento de superação e orgulhosa por ter escolhido ver o mundo, mesmo que sozinha. Pois a minha mãe sempre disse: “Casa está a um voo de distância” e esse voo está cada vez mais perto.

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