Francisco Gomes, deputado madeirense eleito pelo Chega para a Assembleia da República, culpabiliza o PSD de Luís Montenegro pela crise gerada em torno da aprovação do Orçamento de Estado para 2025. Segundo o parlamentar, qualquer possível crise política que advenha da inviabilização do orçamento de Estado resulta, exclusivamente, do fato do PSD ter “desprezado” a maioria de 128 deputados que existe à direita do espetro político parlamentar e escolhido o PS como seu “companheiro preferencial de caminho”.
Para o deputado do Chega, as conversações que o PSD tem vindo a manter com o PS ao longo dos últimos meses em matéria orçamental revela que o atual governo está muito mais interessado em continuar as políticas que foram implementadas pelos socialistas ao longo dos últimos anos do que em ser uma força de rutura e reformismo do sistema político português.
A seu ver, tal escolha não só é um erro estratégia, pois confere credibilidade a um partido que, na sua ótica, anda a trair os portugueses há décadas, mas também adia as mudanças que o país precisa, acarretando, assim, “consequências desastrosas” para o presente e futuro de Portugal e das suas regiões autónomas.
“Escolher o PS como parceiro privilegiado para as discussões do orçamento é totalmente incompatível com o reformismo que urge implementar. O PSD comprovou, com essa atitude, que é um partido situacionista, enraizado num sistema desgastado por décadas de compadrio, corrupção e interesses. Não quer mudar o país, mas mantê-lo amarrado aos vícios, ao despesismo e à corrupção.”
Para o deputado Francisco Gomes, o estado atual da Saúde, do Ensino e das Forças de Segurança revelam o fracasso que tem sido a governação do PSD e apontam para “dificuldade dos sociais-democratas em gerir a Causa Pública com respeito por quem trabalha” e contribui para a dignificação do país.
“Temos professores jogados para centenas de quilómetros de casa, forças de segurança a quem foi negado um subsídio de risco justo, bombeiros totalmente negligenciados e a dormir na escadaria do parlamento, grávidas a darem à luz em ambulâncias, jovens forçados a emigrar, antigos combatentes a morrer na pobreza e idosos que têm de escolher entre comida e medicamentos. Era assim com o PS. É assim com o PSD.”
A juntar às críticas à gestão do governo, Francisco Gomes sublinha que a matriz política do Chega e os compromissos que assumiu com os portugueses por via do seu programa político e do seu programa eleitoral conferem ao partido uma
missão que é “assumidamente de rutura para com o sistema instalado”, a qual, na sua opinião, não se coaduna, de todo, com aquilo que interpreta como a “apetência do PSD para manter a herança desastrosa do socialismo”.
“Não é eticamente possível assumir, perante a população, um compromisso de reforma do sistema político e, depois, viabilizar um orçamento de um governo que não só trata o Chega com arrogância, mas também quer manter muitos dos princípios socialistas que nos trouxeram ao estado de pobreza e desorganização em que o país se encontra. Por isso mesmo, excluímo-nos da farsa democrática que o PSD montou em torno do orçamento de Estado.”
A concluir, o deputado madeirense do Chega deixa questões ao governo do PSD, ao qual deixa um repto de flexibilidade e responsabilidade.
“Querem brincar à política ou resolver a vidas pessoas? Querem andar de crise em crise ou dar ao país a estabilidade que precisa para crescer e reformar as instituições? Querem governar com sentido de Estado ou viver a política como uma luta do poder pelo poder? Querem ruído ou responsabilidade?”