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Irão recusa negociações sobre programa nuclear “sob intimidação”

Data de publicação
14 Novembro 2024
11:04

O chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, alertou hoje que o seu país não negociará o seu programa nuclear “sob intimidação”, após uma reunião com o chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, em Teerão.

“Estamos prontos para negociar com base nos nossos interesses nacionais e nos nossos direitos inalienáveis, mas não estamos prontos para negociar sob pressão e intimidação”, declarou na rede social X o ministro, que foi em 2015 o negociador-chefe do lado iraniano nas negociações nucleares com as grandes potências.

O responsável da Organização Iraniana de Energia Atómica (OIEA), Mohammad Eslami, garantiu ainda que a República Islâmica reagiria “imediatamente” em caso de pressão externa.

“É essencial obter resultados concretos, tangíveis e visíveis que mostrem que este trabalho conjunto está a melhorar a situação (...) e, de uma maneira geral, afasta-nos dos conflitos e, em última análise, da guerra”, declarou Rafael Grossi, ao lado de Eslami numa conferência de imprensa.

A visita de Rafael Grossi ao Irão ocorre poucas semanas à vitória de Donald Trump nas presidenciais dos Estados Unidos. Trump, durante o seu primeiro mandato (2017-2021), foi o arquiteto de uma política de “pressão máxima” contra o Irão, restabelecendo pesadas sanções contra Teerão.

Durante a conferência de imprensa com Grossi, Eslami indicou que “qualquer resolução intervencionista [da AIEA] nos assuntos nucleares da República Islâmica do Irão estará sujeita a medidas imediatas de contra-ataque”.

Chegado quarta-feira à noite a Teerão, Grossi deverá também se reunir com o Presidente iraniano, Massud Pezeshkian, segundo a agência de notícias oficial iraniana Irna.

As suas conversações em Teerão são vistas como uma das últimas oportunidades para a diplomacia antes de Donald Trump regressar à Casa Branca.

Em 2015, o Irão e vários países, incluindo os Estados Unidos, concluíram um acordo em Viena, após 21 meses de negociações. O texto previa a redução das sanções internacionais contra o Irão, em troca de garantias de que o país não pretende adquirir armas atómicas. Teerão negou veementemente ter tais ambições militares.

Três anos depois, Donald Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo e restabeleceu pesadas sanções contra o Irão.

Desde então, este país aumentou consideravelmente as suas reservas de materiais enriquecidos para 60%, perto dos 90% necessários para desenvolver uma arma atómica, segundo a AIEA. O acordo nuclear limitava esta taxa a 3,65%.

Grossi também afirmou hoje que “as instalações nucleares do Irão não devem ser atacadas”.

O novo ministro da Defesa de Israel afirmou na segunda-feira que o Irão estava “mais exposto do que nunca a ataques às suas instalações nucleares”.

É neste contexto que Grossi regressou ao Irão após uma primeira visita este ano, em maio.

O regresso de Donald Trump à Casa Branca em janeiro suscitou receios de um aumento das tensões entre os Estados Unidos e o Irão.

“A margem de manobra está a começar a diminuir” para o Irão, alertou Grossi na terça-feira numa entrevista à agência de notícias AFP, acrescentando que é “imperativo encontrar formas de alcançar soluções diplomáticas”.

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