O deputado do Juntos Pelo Povo (JPP), Paulo Alves, deslocou-se na manhã desta segunda-feira à Escola do 1.º Ciclo com Pré-Escolar e Creche de Santa Cruz, para denunciar a “sobrelotação” deste estabelecimento de ensino, a falta de técnicos de apoio à infância e a exiguidade das salas de aulas.
“Estamos numa escola com 435 alunos”, explicou o parlamentar, no encontro com a comunicação social. “Este número de alunos resulta da fusão e depois encerramento de várias escolas que existiam aqui à volta. Temos crianças que vieram da creche “O Castelinho”, que foi encerrada pela Secretaria Regional da Educação (SRE); há crianças oriundas da Escola do 1.º Ciclo da Terça, encerrada pela Secretaria Regional; crianças da Escola Arendrup, do Santo da Serra, também fechada, e há crianças da Escola Clemente Tavares, de Gaula, encerrada pela SRE”.
Paulo Alves considerou “um grande erro” cometido pela SRE o encerramento da Escola Clemente Tavares. Recorda que o JPP chamou a atenção para a gravidade da decisão, tendo admitido a fusão mas “nunca o encerramento”.
O quadro desvendado pelo parlamentar acabou por transformar o estabelecimento escolar do 1.º Ciclo com Pré-Escolar e Creche de Santa Cruz “numa escola sobrelotada”, com todas as implicações daí decorrentes para os alunos e docentes. “Estas crianças estão a ter aulas em condições que em nada dignificam o processo de ensino/aprendizagem”.
A exiguidade das salas de aulas, com apenas 24 metros quadrados, foi outro dos problemas aludidos pelo dirigente do JPP e docente de profissão. “Uma turma de 20 alunos tem de ser repartida por duas salas minúsculas, sem luz natural, de um lado está a professora, do outro a funcionária, isto não é digno do processo ensino/aprendizagem”, descreveu.Com a turma dividida, a pergunta inevitável: “E agora, onde estão professores para acompanhar e orientar estes alunos nas duas salas? Numa delas, fica apenas a funcionária. São situações recorrentes e inadmissíveis!”
A Escola de Santa Cruz dispõe de uma Unidade Especializada. Mas também aqui acolhe excesso de alunos/crianças com necessidades educativas especiais (NEE). O parlamentar afiança que o número de crianças daria para duas unidades. “É desumano ter crianças com as NEE que estas crianças têm nestes espaços tão exíguos. Louva-se o excelente trabalho realizado pelas técnicas em tais condições”, enaltece.
As situações elencadas pelo deputado parecem não ter fim. Há salas sem Internet. São os professores que pagam do seu bolso e partilham na sala com os alunos.
As faltas são muitas. Faltam técnicos de apoio à infância, assistentes operacionais e também espaços para atendimento dos encarregados de educação. O polidesportivo precisa de cobertura, uma necessidade que o Governo Regional (GR) teima em não realizar.
“O GR não quer fazer a cobertura do polidesportivo para, de propósito, prejudicar a prática desportiva e as aulas de Educação Física dos 435 alunos da escola”, entende Paulo Alves. “Mas vai fazer, e bem, a cobertura do polidesportivo da Escola do Jardim da Serra. Basta de prejudicar os alunos e as famílias só porque residem em Santa Cruz. Isto só mostra a postura da SRE e do GR relativamente a Santa Cruz. É inadmissível!”
Paulo Alves afirma que o Diretor Regional de Educação já visitou a Escola de Santa Cruz e por isso pergunta se “vai resolver os problemas ou deixar tudo como está”.
O deputado preconiza a adoção de “medidas urgentes” por parte do GR. “Não pode a SRE dizer apenas que a Escola tem de se desenrascar. Basta de penalizar os alunos e a sua aprendizagem”, avisa Paulo Alves, que lança um alerta aos pais: “Procurem inteirar-se mais sobre a real situação em que os vossos filhos estão a estudar. Os professores, educadores e todos os funcionários, dão o seu melhor, e é de louvar o trabalho que fazem, mas as condições têm de ser outras! Alguma coisa a SRE tem de fazer para proporcionar melhores condições de aprendizagem a estes alunos”.