O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. Nuno Brás, advertiu hoje para a falta de “efetiva liberdade de opinião”, no âmbito da Jornadas Nacionais de Comunicação Social.
“Com a Inteligência Artificial (IA),no estádio em que a temos, vários problemas de padronização do jornalismo se apresentam – tenho dúvidas que tenhamos efetiva liberdade de opinião no mundo liberal de hoje, basta olhar para os noticiários, que são todos desgraçadamente iguais”, lamentou o presidente da Comissão que abriu hoje as Jornadas Nacionais de Comunicação Social (JNCS), dedicada ao tema ‘Jornalismo e Inteligência Artificial’.
O responsável indicou que o desafio que se coloca é se centra na “ética” e que esta “desafia de forma evidente a questão da liberdade”.
“Até que ponto a IA constitui uma forma de domínio coletivo, por meia dúzia de entidades responsáveis, porque a IA faz escolhas e não é responsável pelas suas escolhas. É fruto de um conjunto de escolhas de quem a programou. Corremos o risco de andarmos felizes e contentes dominados por uma ‘Big Brother’ que nos faz escravos”, advertiu.
O bispo do Funchal reconheceu, no entanto, tratar-se de uma “ajuda espantosa” porque oferece “um conjunto de possibilidades” inaugurais que “pode tornar a vida mais humana”.
D. Nuno Brás quis, no início do encontro de dois dias, saudar “a pluralidade comunicacional” presente nos participantes que evidencia “a beleza da Igreja”.
Isabel Figueiredo, diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, referiu-se à responsabilidade dos profissionais da comunicação em manter na “agenda mediática” os incêndios que afetaram o norte de Portugal recentemente e as guerras, “em especial a Terra santa que nos diz tanto e na Ucrânia”.
“Estamos aqui tranquilos e sabemos o que se passa lá fora, na Terra Santa e na Ucrânia, e devemos perceber de que forma podemos fazer alguma coisa por estas realidades. Quer sejamos jornalistas ou profissionais da comunicação não podemos permitir que estes temas caiam no esquecimento”, sublinhou.
As JNCS, que decorrem hoje e amanhã em Fátima, vão incluir também uma homenagem ao padre António Rego, por ocasião dos 60 anos de ordenação sacerdotal e de exercício do jornalismo, que vai participar num debate, que conta também com a presença de Carlos Liz, antigo diretor de Marketing da TVI, e José Lopes Araújo, natural dos Açores e que trabalhou em várias áreas da RTP.
D. Nuno Brás lembrou a paternidade do padre Rego na presença da Igreja na comunicação social.
“O padre Rego foi uma espécie de pai da presença da Igreja na comunicação social. É uma figura que nos habituámos a ter nestes encontros e teremos ocasião de amanhã lhe agradecer uma vida de padre dedicada a este mundo da comunicação”.