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Comunidade portuguesa anseia por nova era política na África do Sul (com fotos)

A África do Sul encontra-se num momento de transe e também de grande ansiedade face ao início de uma nova era marcada pelo pluralismo político. Um desejo antigo, e que muitos espera vir a ser uma realidade bem enraizada.

A era do nacionalismo maioritário está em vias de extinção e, com isso, carrega uma mudança de paradigma devedora à autoria do próprio povo, através do voto em eleições livres e justas, como também civilizadas e pacíficas. Atualmente, e apesar de negociações difíceis, tudo indica que a formação de um Governo de Unidade Nacional (GNU, na sigla em inglês) vai mesmo acontecer. Pelo menos é o desfecho que toda a nação sul-africana aguarda com grande expectativa.

A expressão ‘Governo de Coligação’, sem dramatizações e após infatigáveis conversações, foi alterada para ‘Governo de Unidade Nacional’, um bom sinal que se traduz num impulso de pacifismo que permitirá a resolução de diferenças e conflitos. A comunidade portuguesa radicada na África do Sul vive esta transe com ânsia e um misto de dúvida e esperança, que assenta no desejo de que algo viável e positivo vai materializar-se, a avaliar pelos depoimentos colhidos pelo JM.

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Maria Luísa Câmara Pearson, natural da freguesia de São Pedro, Funchal, acredita que poderá ser positivo se prevalecer um entendimento sustentável no futuro Governo de Unidade Nacional”.

“Aqui, no Cabo, nós temos a sorte de ser governados pela Democratic Alliance (DA), e como podem constatar é uma cidade mais reestruturada que nos traz benefícios, assim como para a restante província do Cabo Ocidental”, disse a ex-bancária.

“Tenho esperança numa melhoria, mas veremos como se portam no futuro, quer no combate ao crime violento como à corrupção”, disse, lembrando que na Cidade do Cabo “há índices de criminalidade muito altos que, sem dúvida, que nos apoquentam imenso”.

Porém, “na Europa também [há muita criminalidade], só que não se ouve falar muito”, observa a funchalense, lamentando que “quando acontece aqui algo menos bom é logo propalado a nível internacional”.

“Apesar disso, ainda vivemos mais ou menos em segurança. Em Joanesburgo deve ser outra história”, comentou, assegurando que “no Cabo ainda estamos e sentimo-nos protegidos sob a égide do DA”.

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Para Joaquim Coimbra, diretor do Lar Rainha Santa Isabel, o momento atual possui contornos históricos. “A formação de um Governo de Unidade Nacional era o que desejávamos”, sublinha, lembrando que “há trinta anos foi formado um governo de unidade nacional e bem-sucedido”.

“Agora espero que o casamento não acabe num divórcio daqui a um mês”, avisa, observando que “é prematuro nesta altura fazer qualquer vaticínio”.

Contudo, o dirigente não tem dúvidas em afirmar: “Esta foi a melhor opção entre outras opções que seriam desastrosas para o país. Isto para mim significa e simboliza esperança”.

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Pelo mesmo diapasão alinha José Gabriel da Silva, líder de projetos de processamento de ouro e platina natural da ilha Graciosa. Residente em Joanesburgo há mais de quatro décadas, o açoriano considera que “a perda da maioria parlamentar do partido governamental tem como consequência o fim de um governo de maioria absoluta e dá origem, felizmente, para a efetuação de um Governo de Unidade Nacional, que no seu entender, “é uma excelente opção para substituir um governo que teve dificuldades em lidar com desafios, como o crime violento e a corrupção”.

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Também Emídio de Abreu Coelho, lusodescendente com raízes na Ribeira Brava, revelou esperar uma melhoria, em geral, “com o fim de um governo de maioria absoluta que, nos últimos 27 anos, viu as coisas descambarem para pior”.

“O resultado eleitoral e as mudanças que implicam, vão originar Governo de Unidade Nacional com composição que representa um passo em frente. E, internacionalmente, será muito benéfico para o investimento que necessitamos para a criação de novos postos de trabalho. Espero que seja realmente para melhor”, acrescentou o gerente comercial.

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Por seu turno, Vânia Coelho, estudante e ginasta lusodescendente, não se evidenciou muito otimista. “Outra pessoas talvez acreditem que vai ser melhor. Mas tenho muitas reservas. Não sei o que está para vir. Lamento dizer, mas não tenho grande esperança”, reconheceu.

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