“Hoje a construção civil consegue ter mais gente empregada do que a hotelaria na Região”, disse hoje Rubina Leal, vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, na abertura da conferência “Infraestruturas e investimento público como fator de coesão nacional”, organizada pela Secção Regional da Ordem dos Engenheiros, no salão nobre do parlamento regional.
Apesar da relevância que o turismo tem para o PIB regional, Rubina Leal destacou a “pujança” que o setor da construção civil assume hoje na Madeira, onde estão “12 mil trabalhadores”, mais do que os empregos gerados pela hotelaria.
Na abertura da conferência, a vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira apresentou um conjunto de números do setor da construção civil para demonstrar a dinâmica criada nos últimos anos e que tem também robustecido os salários pagos, segundo disse.
Sobre a força do setor, afirmou que, em 2022, a construção civil movimentou 769 milhões de euros e que em 2023 foram gerados mais 925 fogos.
A conferência “Infraestruturas e investimento público como fator de coesão nacional” trouxe ao Funchal Carlos Mineiro Aires, representante da Fundação da Construção e ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros.
Conhecedor da realidade regional desde a década de 1970, Carlos Aires acompanhou a evolução infraestrutural da Região, e nota hoje que, apesar das transformações consomadas, continuam a existir “desafios interessantes”, o principal dos quais a falta de habitação, um problema que, aliás, diz ser transversal ao País.
“O principal desafio que Portugal hoje tem é o da habitação. Os portugueses não ganham para pagar nem as casas que estão no mercado nem as rendas”, disse, considerando tratar-se de um “problema dramático”, que “ninguém conseguiu antever”.
Para Carlos Mineiro Aires, a solução passa pelo envolvimento dos setores público e privado, cabendo ao público disponibilizar terrenos, fazer licenciamentos rápidos e baixar a carga fiscal, nomeadamente o IVA, ainda que diferenciando o imposto para a habitação de luxo.
Por seu turno, Miguel Branco, responsável da Secção Regional da Madeira da Ordem dos Engenheiros, destacou que a Madeira já tem portos e aeroportos, mas faltam “outros setores para além da engenharia, porque os preços praticados nas ligações aéreas da Região com o Continente não são para o bolso dos madeirenses nem para aqueles que nos visitam”.