O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou hoje os resultados das Contas Regionais na base 2021 (que substitui a anterior base 2016), para os anos de 2021, 2022 (em ambos os casos de natureza final) e para o ano 2023, de natureza preliminar. Nesta divulgação, o INE só divulga dados para os referidos anos, sendo que a retropolação da série (dados para a série temporal 2000-2020) ocorrerá apenas em junho de 2025.
Comparando o ano de 2021 nas duas bases, o último de natureza definitiva na base 2016, observa-se que, no caso da RAM, o valor do Produto Interno Bruto (PIB) foi revisto em alta em apenas 47,5 milhões de euros (+0,9%).
A base 2021 incorpora nova informação estatística de natureza estrutural, com destaque para os Censos 2021 e Recenseamento Agrícola de 2019. Foi também utilizada informação de caráter regular, como a Declaração Mensal de Remunerações e os Movimentos pendulares entre município de trabalho e município de residência obtidos a partir dos Quadros de Pessoal (local de trabalho). Esta última informação em conjunto com a obtida dos Censos permitiu uma melhor afetação dos Rendimentos Primário e Disponível das Famílias ao local de residência e não ao local de trabalho, mas tem maior impacto nas NUTS do Continente.
O INE, na sua primeira estimativa para o ano de 2023, aponta para um Produto Interno Bruto na RAM de 6 989,6 milhões de euros, traduzindo crescimentos de 11,5% em termos nominais e de 4,5% em termos reais (ou seja, excluindo o efeito da variação de preços) na RAM. No primeiro caso, apenas a Grande Lisboa (+11,7%) superou a Região Autónoma da Madeira (RAM), mas no segundo a RAM foi mesmo a que mais se destacou entre as 9 regiões NUTS II. De referir que a média nacional se fixou nos +9,6% na variação nominal e +2,5% na variação real. Acima da média nacional em termos de crescimento real, além da RAM (+4,5%) e da Grande Lisboa (+3,3%) , encontram-se a Região Autónoma dos Açores (+3,4%), o Algarve (+3,3%) e o Oeste e Vale do Tejo (+2,9%). Em termos reais, as performances mais modestas foram do Alentejo (+0,4%), Centro (+1,4%), Península de Setúbal (+1,7%) e Norte (+2,3%).
De facto, com exceção da “Informação e Comunicação” (-18,2%) que teve uma queda pronunciada, o desempenho da RAM resulta da evolução favorável dos restantes nove ramos de atividade da desagregação A10 das atividades económicas.
Assim, por ramo de atividade, em 2023, destacam-se os crescimentos reais do Valor Acrescentado Bruto (VAB) das “Atividades financeiras e de seguros” (+12,3%), da “Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca” (+10,3%), das “Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares; atividades administrativas e dos serviços de apoio” (+7,2%), das “Indústrias extrativas; indústrias transformadoras; produção e distribuição de eletricidade, gás, vapor e ar frio; captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição” (+7,1%) e do “Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos; transportes e armazenagem; atividades de alojamento e restauração” (+6,7%), continuando este último ramo a ser aquele que mais contribui para o VAB regional (35,1%).
Os restantes quatro ramos de atividade cresceram abaixo da média regional, destacando-se a “Administração pública e defesa; segurança social obrigatória; educação, saúde humana e ação social” (+4,1%), cujo VAB tem forte contributo do sector institucional das Administrações Públicas, e que concentra 25,2% do VAB regional. O terceiro maior contributo vem das atividades imobiliárias (9,3% do VAB), que cresceu 3,8% em termos reais.
Quanto ao PIB por habitante, em 2023, o mesmo ascendeu aos 27 369 euros na Região, acima da média nacional, que foi de 25 277 euros. A Grande Lisboa (39 942 euros) foi a única Região a superar a RAM, pois o Algarve (27 303 euros), tradicionalmente a segunda região com o PIB por habitante mais elevado foi, em 2023, ultrapassado pela RAM. De facto, foram estas as únicas três regiões a superar a média nacional, com a Península de Setúbal a se posicionar como a região com um PIB por habitante mais baixo (17 069 euros), seguido do Oeste e Vale do Tejo (19 603 euros), do Norte (21 509 euros) e do Centro (21 753 euros). Um pouco mais próximos da média nacional, mas ainda assim abaixo da mesma, encontram-se o Alentejo (23 910 euros) e a RA Açores (22 346 euros).
Para a Região, os índices de disparidade do PIB por habitante face à média nacional (PT=100) e face à média da União Europeia (UE27=100) foram de 108,3 e de 87,2, respetivamente.
Quanto à produtividade aparente do trabalho, que corresponde ao rácio entre o VAB e o Emprego, esta fixou-se em 47 684 euros na RAM, situando-se acima do valor nacional (44 820 euros).
É de referir que o INE deverá apresentar os valores definitivos para 2023 daqui por um ano, sendo que, devido à pequena dimensão da economia da Região, as revisões poderão ser de algum significado.