O Canal do Panamá comemorou hoje 25 anos de gestão nacional, numa cerimónia marcada por um minuto de silêncio em homenagem ao antigo Presidente norte-americano Jimmy Carter, e pela ameaça de Trump de apoderar-se da rota.
A cerimónia, de acordo com o relato da agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), decorreu nos jardins da sede da Autoridade do Canal do Panamá (ACP), junto à via navegável, na presença do presidente panamiano José Raul Mulino e de centenas de convidados, entre os quais a antiga presidente do país Mireya Moscoso, que recebeu simbolicamente o canal das mãos de Jimmy Carter, a 31 de dezembro de 1999.
“Hoje, sentimos a mesma emoção” de há 25 anos, disse Mireya Moscoso em declarações à AFP, nas quais lembrou que depois de assinar os documentos de transferência do canal, o Presidente Carter disse-lhe “é vosso” e a então presidente não conteve as lágrimas.
Construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, o Canal do Panamá passou para o controlo deste país no final de 1999, ao abrigo de tratados assinados em 1977 pelos presidentes da altura, o americano Jimmy Carter e o líder nacionalista panamiano Omar Torrijos.
Apesar da alegria da comemoração de 25 anos de soberania panamiana sobre o canal, o Presidente Mulino afirmou: “A tristeza invade-nos após a morte de Jimmy Carter” no passado domingo, aos 100 anos de idade.
Foi observado um minuto de silêncio em homenagem ao antigo Presidente democrata, aclamado em todo o mundo pelo seu empenhamento na paz e nos direitos humanos.
“Com a assinatura dos tratados Torrijos-Carter, os panamianos comprometeram-se, enquanto nação, a explorar o canal em condições de segurança para os navios de todas as nações, em tempo de paz e de guerra, e sem qualquer discriminação”, recordou o presidente da ACP, Ricaurte Vasquez.
Nenhum dos discursos fez qualquer referência direta ao Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que deverá tomar posse a 20 de janeiro, e que provocou a indignação dos panamianos ao ameaçar recentemente apoderar-se da rota interoceânica de 80 km de comprimento se as taxas para os navios americanos não fossem reduzidas, e ao sugerir que a China está a exercer uma influência crescente no país.
Esta via interoceânica, por onde passa 5% do comércio marítimo mundial, vale 6% do PIB do Panamá e 20% de sua receita fiscal.