1. FISCALIZAÇÃO DE NATAL. Sim, podia ser uma das famosas operações natalícias da GNR aos automobilistas portugueses, mas não! Desta vez, quem fez notícia, durante as festas, foram os serviços de fiscalização da Câmara do Funchal. Montaram uma mega operação de apreensão à venda ambulante de ramagens alusivas à época natalícia junto ao Anadia. Merecem um prémio por serem tão exímios no cumprimento da lei. Não há cá favoritismo ou excepções. Com tanta rectidão, não sei como acabou o ex-Presidente da Câmara do Funchal detido!
1. CRIMINOSOS DO NATAL. Quem passou no local no momento da operação de fiscalização, o aparato era tanto que se julgaram assistir a uma detenção dos gangues de El Salvador às mãos do justiceiro Presidente Bukele. Afinal, era só a apreensão de cabrinhas, sapatinhos, triguinho e azevinhos para as lapinhas de Natal. Os vendedores não estavam licenciados para a venda ambulante e, como castigo pelo hediondo crime cometido, o material foi apreendido e deitado no lixo. Possivelmente também foram multados.
2. “A FÉ SEM OBRAS É MORTA” é uma expressão encontrada na epístola do Apóstolo S. Tiago. Assim como uma planta precisa de água, luz e cuidados para crescer e dar frutos, o discípulo favorito de Jesus, ensina-nos que nossa fé também precisa ser acompanhada por nossas obras para se tornar algo significativo. Talvez fosse pertinente o senhor Bispo, falar mais vezes nestes ensinamentos, do que lamentar-se pela falta de orçamento da Região. De pouco serve a fé e as missas do parto, se na vida prática, os supostos crentes fazem a negação total da penitência da oração.
3. “HÁ MEMÓRIAS QUE FICAM GRAVADAS”. Talvez quem provenha de um berço mais afortunado que o meu, não lastime o caso da Câmara do Funchal. Recordo-me das histórias dos meus avós que vendiam na época do Natal, enfeites para o presépio. Havia a tradição de fazer flores em papel crepe. Toda a família dedicava-se a confecionar dois meses antes do Natal. Estamos a falar nos anos 60. Nos dias 23 e 24 de Dezembro iam para o Mercado dos Lavradores, vender as flores enfiadas em canas vieiras. O meu pai e a minha a tia, como eram ainda crianças pequenas, adormeciam durante a venda, que ia pela madrugada. A minha avó colocava-os a dormir no chão em cima de um cartão. Até que uma certa vez, o senhor que vendia ouro na porta do lado do mercado, se comoveu com a situação, e foi buscar duas caixas de ananases dos Açores vazias, encheu de palhinhas para o meu pai e minha tia dormirem. Se isto não é a melhor representação do espírito de Natal, não sei o que poderá ser...
4. TOLERÂNCIA DE PONTO. Dizem que na Madeira, existem demasiados dias de tolerância de ponto, mas há quem trabalhe e não é pouco. Para azar dos pobres vendedores ambulantes que tentaram fazer um dinheirinho extra este Natal, os fiscais da Câmara do Funchal não foram de férias mais cedo. Fica a dica para o próximo ano: aumentar o número de dias da tolerância de ponto a este departamento específico. Todos agradecem!
5. AZÁFAMA DAS FESTAS. Quem também não teve direito a descanso nestes dias, foram os políticos e seus respetivos fotógrafos. Foram dias seguidos a acordar de madrugada para participar e registar todas as missas do parto. Perdi a conta às fotografias publicadas. Cada secretaria, instituto e município tinha a sua própria missa, com direito a discursos e oferendas com destaques na imprensa diária, redes sociais e respectivos websites. Mal tiveram tempo para descansar. Que azáfama e exploração!