O governo dos EUA está a preparar o alívio de algumas sanções económicas à Venezuela, medida vista como uma tentativa de incentivar a retoma das negociações entre a oposição apoiada pelos norte-americanos e o governo do Presidente Nicolás Maduro.
As mudanças, que serão limitadas, permitirão à Chevron negociar a sua licença com a petrolífera estatal PDVSA, mas não autorizarão a prospeção ou exportação de qualquer petróleo de origem venezuelana, revelaram hoje dois altos funcionários da administração norte-americana à agência Associated Press (AP).
As mesmas fontes acrescentaram que Carlos Erik Malpica-Flores, antigo gestor da PDVSA e sobrinho da primeira-dama da Venezuela, será removido da lista de indivíduos alvo de sanções.
Estas medidas surgem no seguimento de uma demonstração de abertura por parte de Maduro, após uma reunião, em março, com representantes do governo do Presidente Joe Biden.
Vêm também na sequência de uma recente reunião entre autoridades dos EUA e a principal coligação de oposição, Plataforma Unitária (PU), para discussão sobre o caminho a seguir.
"São temas que a PU negociou e veio até nós para pedir que o façamos, para que possam voltar à mesa de negociações", realçou uma das fontes.
Dezenas de venezuelanos, incluindo o procurador-geral do país e o responsável pelos serviços prisionais, e mais de 140 entidades, entre estas o Banco Central da Venezuela, vão continuar na lista de sanções.
O Departamento de Tesouro norte-americano continuará a proibir transações com o governo venezuelano e a PDVSA nos mercados financeiros dos EUA.
O próprio Presidente venezuelano está sob acusação nos Estados Unidos, acusado de conspirar para "inundar o país com cocaína" e usar o tráfico de drogas como "arma contra a América".
O governo da Venezuela suspendeu as negociações com a oposição em outubro, após a extradição para os EUA de um importante aliado de Maduro por acusações de lavagem de dinheiro.
O chefe de Estado venezuelano condicionou o regresso à mesa de negociações à libertação do empresário Alex Saab, que foi extraditado de Cabo Verde.
A oposição e o governo venezuelano devem anunciar em breve a retoma das negociações.
A Chevron, com sede na Califórnia, é a última grande empresa de petróleo dos EUA a fazer negócios na Venezuela, onde investiu pela primeira vez na década de 1920.
Em 2019, juntamente com a PDVSA, produziu cerca de 200.000 barris por dia, mas o governo norte-americano ordenou em 2020 que reduzisse a produção e, desde então, apenas foi autorizada a realizar trabalhos essenciais em poços de petróleo para preservar os seus ativos e os empregos na Venezuela.
A mudança permite que "a Chevron negoceie os termos das possíveis atividades futuras na Venezuela", realçou um dos alto funcionários dos EUA em declarações aos jornalistas.
A Venezuela tem das maiores reservas de petróleo do mundo, mas a sua agitação política e declínio económico levaram mais de seis milhões de pessoas a migrarem nos últimos anos.
Os EUA e outros países retiraram o reconhecimento a Maduro depois de o acusar de fraude eleitoral na sua reeleição, em 2018, como Presidente.
No lugar de Maduro reconheceram Juan Guaidó, que era na altura o líder do Congresso dominado pela oposição e que se mantém como líder da Plataforma Unitária.
Lusa