A líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen afirmou hoje que a vitória ficou “apenas adiada”, depois das projeções apontarem o seu partido, a União Nacional, no terceiro lugar, atrás da aliança de esquerda e do bloco do Presidente.
“A maré está a subir. Desta vez não subiu suficientemente alto, mas continua a subir. E, por isso, a nossa vitória só tarda”, declarou a líder no canal privado TF1.
“Tenho demasiada experiência para ficar desiludida com um resultado em que duplicamos o nosso número de deputados”, segundo a dirigente, comentando as projeções divulgadas após o fecho das urnas
As estimativas apontam uma vitória da Nova Frente Popular, com 172 e 215 deputados, enquanto o bloco de Emmanuel Macron poderá contar com 150 a 180 lugares, à frente do partido de extrema-direita, com entre 115 e 155 deputados eleitos.
Sem pedir a demissão do Presidente francês apesar do que considerou um “fracasso” de Emmanuel Macron, a líder da extrema-direita destacou ainda os progressos da União Nacional (RN, na sigla francesa) “apesar de ter toda a gente estar contra, incluindo a imprensa, que tomou partido nesta campanha”.
Desvalorizando as alianças, assegurou que o seu partido é “o primeiro em França” e salientou que em “dezenas de círculos eleitorais” ficaram a um ou dois pontos da vitória, pelo que estima que um triunfo “virá”.
Le Pen reconheceu que a decisão de Macron de se retirar de numerosos círculos eleitorais para evitar a eleição de candidatos de extrema-direita “funcionou para além das suas esperanças”, mas conduziu a “uma situação insustentável” com “a extrema-esquerda às portas do poder”.
“Sem todas essas desistências, o RN (sigla no original francês) teria chegado amplamente à frente”, argumentou a responsável, questionando o que vai agora Macron fazer.
“Vai tornar Mélenchon primeiro-ministro?”, perguntou ainda Le Pen, acusando o Presidente de ter provocado a eleição de uma Assembleia Nacional que não terá em conta as necessidades dos franceses “que pedem menos imigração, mais segurança e mais poder de compra”.
Na primeira volta, em 30 de junho, o partido de extrema-direita conseguiu vencer pela primeira vez as eleições legislativas, ao obter 33,1% dos votos e quase duplicar o seu apoio desde que a França elegeu a sua Assembleia Nacional pela última vez, em 2022.
Seguiu-se a aliança de esquerda Nova Frente Popular (que junta socialistas, ecologistas e comunistas e é liderada pela França Insubmissa (LFI), partido de esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon), com 28%.
O Ensemble (Juntos), agrupamento centrista e liberal encabeçado pelo Renascimento, partido do Presidente Emmanuel Macron, obteve 20%.
As legislativas francesas foram convocadas por Macron, após a derrota do seu partido e a acentuada subida da União Nacional nas eleições para o Parlamento Europeu de 09 de junho. A escolha de um novo executivo deveria ocorrer apenas em 2027.