Tropas israelitas desencadearam hoje num novo assalto na cidade de Khan Yunis, sul de Gaza, justificada pela presença de combatentes do Hamas, num momento em que os mediadores internacionais pressionam para a conclusão de um acordo de cessar-fogo.
A ordem de retirada da população emitida pelos israelitas originou num novo êxodo de palestinianos dos já devastados distritos leste de Khan Yunis, para onde muitos civis tinham acabado de regressar há menos de duas semanas, após a última incursão israelita na cidade, em julho.
Milhares de pessoas abandonaram a zona leste da cidade na quinta-feira, transportando com os seus escassos bens.
Responsáveis israelitas e norte-americanos consideram que Yahya Sinwar, recém-designado líder político do Hamas e encarado como um dos arquitetos do ataque perpetrado pelo grupo islamita palestiniano de 07 de outubro de 2023 em Israel, pode estar escondido em túneis subterrâneos em Khan Yunis.
Os militares israelitas disseram hoje que os seus aviões atingiram 30 alvos do Hamas, e que as tropas procuram túneis e outras infraestruturas nesta terceira ofensiva na cidade desde 07 de outubro, que já terá provocado pelo menos 17 mortos.
Após dez meses de guerra na Faixa de Gaza, os mediadores internacionais – Estados Unidos, Qatar e Egito – tentam promover novas negociações indiretas para um cessar-fogo que tem estado em suspenso desde o assassinato de Ismail Haniyeh, o antecessor de Sinwar, num ataque em Teerão em 31 de julho e atribuído a Israel.
O gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, confirmou na quinta-feira que enviará negociadores às conversações, convocadas pelos mediadores para 15 de agosto e que devem decorrer em Doha, capital do Qatar, ou no Cairo, a capital egípcia.
O Hamas não se pronunciou de imediato.
Ismail Haniyeh assumia a função de interlocutor decisivo nas negociações.
A eliminação de Haniyeh e de Fuad Shukr, um comandante militar do Hezbollah morto em 30 de julho num ataque aéreo israelita em Beirute, desencadeou uma promessa de retaliação por parte do movimento xiita libanês e do Irão.
O líder da Força Quds da Guarda Revolucionária iraniana, que dirige as operações desta organização militar em toda a região, repetiu as promessas de retaliação numa carta enviada a Sinwar, indicou a agência noticiosa Associated Press (AP).
“Estamos a preparar vingar este sangue”, escreveu Ismail Qaani, numa referência a Haniyeh.
Ao nível do processo de mediação, e sobre as potenciais conversações, foi referido que está a ser preparado um compromisso final “que solucione as questões ainda em aberto e que vai ao encontro das expectativas de todas as partes”, mas não foram avançados mais detalhes.
Uma questão central das negociações consiste no impacto da designação de Sinwar para a liderança do Hamas.
Conotado com a “linha dura” do movimento islamita palestiniano, Sinwar tem conseguido esconder-se em Gaza durante a campanha militar israelita, e Telavive continua a referir que pretende matá-lo.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Segundo o exército israelita, entre as 251 pessoas sequestradas, 111 permanecem retidas em Gaza, das quais 39 já morreram.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou perto de 40 mil mortos – onde se incluem pelo menos 14.000 crianças –, cerca de 92.000 feridos e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.