O militante da oposição venezuelana Jesús Martínez Medina faleceu hoje, segundo a líder do seu partido, Maria Corina Machado, por falta de cuidados médicos na prisão em Anzoátegui (leste) onde estava detido desde as contestadas eleições presidenciais de julho.
A denúncia da morte de Medina, de 36 anos, que estava detido em Anzoátegui desde 29 de julho, foi feita nas redes sociais por familiares, partidos políticos e opositores venezuelanos, incluindo Maria Corina Machado.
“Faleceu hoje, nas mãos do regime, Jesús Manuel Martínez Medina, membro da nossa equipa em Arágua de Barcelona, no estado de Anzoátegui. Mais um crime de Maduro e do seu regime. Morreu nas suas mãos, morreu devido às condições desumanas em que esteve sequestrado”, denunciou Machado na rede social X.
A líder opositora adianta que Medina foi testemunha de uma assembleia de voto nas eleições presidenciais de 28 de julho, que padecia de diabetes e tinha problemas cardíacos.
“Foi sequestrado pelo SEBIN [serviços de informações] na sua própria casa na noite de 29 de julho, sem uma ordem de detenção e sem nenhum motivo. Foi levado para uns calabouços subhumanos em Anzóategui, foi fortemente maltratado e esteve em condições higiénicas tão precárias que teve necrose em ambas pernas”, explica a opositora.
Machado denuncia ainda que “durante meses, lhe foi negada qualquer atenção médica” porque faltavam “autorizações de superiores em Caracas”.
“Finalmente, depois de tanto tempo e denúncias, foi levado ao hospital Luís Razetti de Barcelona. Os médicos, ao ver o estado em que se encontrava decidiram que deviam amputar-lhe ambas pernas. Em meio do procedimento, esta manhã, faleceu”, explicou.
Vários líderes políticos e partidos da oposição venezuelana condenaram hoje a morte de Medina e responsabilizaram o Estado pelo ocorrido e pela falta de atenção médica atempada.
Segundo a organização não-governamental (ONG) venezuelana Foro Penal, atualmente 1.963 pessoas estão detidas por motivos políticos na Venezuela, entre elas 69 adolescentes, desde 29 de julho, quando começaram os protestos pós-eleições presidenciais.
“Registámos e qualificámos o maior número de presos políticos conhecido na Venezuela, pelo menos no século XXI, e continuamos a receber e a registar detidos”, denunciou a ONG na rede social X.
De acordo com a organização, entre os detidos, 1.720 são homens e 243 mulheres e 1.801 são civis e 162 militares, tendo sido registadas seis novas detenções na última semana.
A ONG precisou ainda que apenas dos 148 detidos foram condenados por tribunais.
“Mais de 9.000 pessoas continuam sujeitas arbitrariamente a medidas restritivas da sua liberdade”, adianta.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.
Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.