O Governo britânico prepara a retirada de cidadãos britânicos no Sudão e vários países prosseguem as operações de repatriamento de pessoas retidas naquele país devido ao conflito.
Numa publicação da rede social ‘Twitter’ o ministro britânico das Relações Exteriores, James Cleverly, afirmou que o Governo começou a contactar os seus cidadãos "e a fornecer-lhes rotas para fora do país".
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores britânico explicou que "os voos militares vão descolar de um aeródromo fora de Cartum" e que será dada "prioridade a grupos de famílias com crianças, idosos ou pessoas com problemas de saúde", refere a nota.
No último domingo vários países iniciaram operações para retirar os seus cidadãos do Sudão, afetados desde o último dia 15 por um conflito entre o Exército sudanês e o grupo Forças de Apoio Rápido (FAR).
A Agência France-Presse noticiou hoje que França já retirou do Sudão 538 pessoas, das quais 209 são francesas e as restantes de várias outras nacionalidades, principalmente europeias, mas também de vários países africanos, dos Estados Unidos, Índia, Japão, Filipinas, Austrália e Nova Zelândia.
Um avião militar da Força Aérea da Coreia do Sul retirou 28 sul-coreanos, através do aeroporto de Jeddah, na Arábia Saudita, para onde haviam sido transportados num avião que descolou da cidade de Port Sudan, onde as pessoas chegaram por estrada, vindas de Cartum, noticiou a agência EFE.
O Governo das Filipinas confirmou também hoje a retirada de 50 dos quase 700 filipinos retidos no Sudão.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores das Filipinas, Teresa Daza, confirmou aos jornalistas que um grupo de 50 filipinos deixou Cartum por estrada na segunda-feira à noite, dirigindo-se para a fronteira egípcia, a cerca de 940 quilómetros a norte da capital sudanesa.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell anunciou que até ao final do dia de segunda-feira seriam retirados mais 1.200 cidadãos europeus do Sudão, depois de no domingo terem sido realizados 11 voos de Estados-membros, a que se somaram outros 20 nesse mesmo dia.
No mesmo dia, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, afirmou que dos 22 portugueses que se encontravam no Sudão, 21 manifestaram a intenção de sair e apenas um optou por ficar no país africano.
Gomes Cravinho esclareceu que há várias missões de retirada de pessoas do Sudão, nas quais estão a sair cidadãos portugueses.
Os violentos combates no Sudão opõem forças do general Abdel Fattah al-Burhan, líder de facto do país desde o golpe de Estado de 2021, e um ex-adjunto que se tornou um rival, o general Mohamed Hamdan Dagalo, que comanda o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
O balanço provisório do conflito indica que há mais de 420 mortos e 3.700 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os confrontos começaram devido a divergências sobre a reforma do exército e a integração das RSF no exército, parte do processo político para a democracia no Sudão após o golpe de Estado de 2021.
Lusa