O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, disse hoje que a situação na central nuclear de Zaporijia, sob controlo russo na Ucrânia, continua precária após os ataques de abril.
Grossi explicou ao Conselho de Governadores da AIEA, a partir da capital austríaca, Viena – onde a organização tem a sua sede – que os sete pilares da segurança nuclear que descreveu no início do conflito “foram total ou parcialmente comprometidos”.
Entre esses pontos está a garantia da integridade física das instalações nucleares; a operação de sistemas de segurança; o trabalho da equipa; fornecimento de eletricidade ou cadeias de fornecimento e transporte.
“No início de abril, a central de Zaporijia foi atacada diretamente pela primeira vez em quase um ano e meio. Esses ataques violaram o primeiro dos cinco princípios para proteger a central de Zaporijia que apresentei pela primeira vez há um ano”, explicou o líder da agência das Nações Unidas para o nuclear.
Grossi destacou também que estes ataques e a desconexão frequente de linhas de energia externas devido à atividade militar na zona estão a criar uma “situação grave” para a qual já tinha alertado.
“As questões relacionadas com o pessoal, as inspeções de rotina e a manutenção das estruturas de segurança, os seus sistemas e componentes; a confiança nas cadeias de abastecimento, bem como os protocolos de emergência, continuam a ser um desafio e representam riscos para a segurança nuclear”, explicou Grossi.
A central de Zaporijia mantém as suas seis unidades em paragem a quente desde abril, quando se registaram os ataques, que provocaram ferimentos em pelo menos três trabalhadores e causaram danos superficiais nas suas instalações.
Grossi também se referiu ao programa nuclear iraniano, que formalmente só tem fins civis, e assinalou que se Teerão finalmente obtiver armas nucleares, outros países também adquirirão este tipo de bombas.
“Muitos países disseram que se o Irão obtiver uma arma nuclear, também farão o mesmo. Penso que ouvimos isso muito claramente de muitos países”, avisou Grossi.
Para evitar esta situação, Grossi informou que pediu ao Irão mais transparência sobre o seu programa nuclear face aos processos de enriquecimento de urânio a um nível próximo do necessário para o fabrico de bombas.
O Irão rejeitou a presença de inspetores experientes e não fornece informações sobre antigas instalações nucleares onde foram detetados vestígios de materiais nucleares.
Perante esta situação, a Alemanha, a França e o Reino Unido prepararam um projeto de resolução que será apresentado ao Conselho de Governadores da AIEA que se reunirá esta semana em Viena.