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Falta de funcionários nas escolas motiva carta aberta assinada por 300 pais

Data de publicação
14 Novembro 2024
12:39

Uma semana sem aulas é o resultado das greves desde o início do ano letivo que levou cerca de 300 encarregados de educação a apelar às autoridades para que resolvam os problemas sentidos pelos funcionários escolares.

Pais e encarregados de educação do Agrupamento de Escolas Dona Filipa de Lencastre, em Lisboa, escreveram uma carta aberta à tutela e à autarquia lisboeta alertando para a grave situação de falta de pessoal não-docente nas escolas e para “as aulas perdidas” em resultado das greves marcadas desde o início do ano letivo.

“Já houve seis greves desde que começaram as aulas, o que significa para muitos alunos uma semana de aulas perdidas”, alertou, em declarações à Lusa, Marta Abecassis Valente, mãe de um dos alunos do agrupamento, frequentado por cerca de duas mil crianças e jovens.

Na sexta-feira, as escolas poderão voltar a encerrar, porque está marcada uma nova greve, agora convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (STOP), que reivindica melhores condições de trabalho para os trabalhadores não docentes.

As greves podem não ter encerrado todas as escolas todos os dias de paralisação, mas afetaram milhares de crianças e jovens desde o Jardim-de-Infância ao ensino secundário. Cada nível de ensino representa uma preocupação para os pais.

No caso dos mais novos há, muitas vezes, o problema acrescido de não ter onde deixar as crianças, como relatou Marta Valente: “O meu filho tem seis anos, está no 1.º ano, ou seja, de cada vez que a escola encerra, eu ou o pai não podemos ir trabalhar, porque obviamente, não pode ficar sozinho em casa”.

No caso dos alunos mais velhos coloca-se o facto de ficarem mais atrasados nas matérias.

“Os alunos perderam já uma semana de aulas, em comparação com outros estudantes de outras escolas da mesma freguesia, com os quais irão concorrer em pé de igualdade pelo acesso ao Ensino Superior, daqui a mais ou menos seis meses”, alerta a carta aberta a que a Lusa teve acesso.

Os pais reconhecem que a maior injustiça é a que vivem as escolas, os docentes e todos os trabalhadores, que “têm de recorrer à greve para alertar para os vários problemas que enfrentam”, lê-se na carta.

A missiva foi enviada ao ministro da Educação, Fernando Alexandre, a quem cabe definir ordenados e carreiras, mas também ao presidente da Junta de Freguesia do Areeiro, que é o responsável pela contratação de pessoal daquele agrupamento.

Segundo Marta Valente, o número de funcionários do agrupamento deverá cumprir a legislação, mas continua a ser insuficiente para responder a todas as tarefas das escolas, levando ao desgaste dos trabalhadores e ao aumento de casos de ‘bullying’ ou de falta de supervisão nos recreios e espaços comuns das várias escolas, alertou Marta Valente.

Os pais pedem por isso um reforço das equipas e questionam as autoridades sobre as medidas que estão a ser tomadas para resolver a falta de pessoal não-docente, quais as garantias de que serão tomadas medidas para evitar novas paragens letivas e de que forma vão valorizar estes profissionais e melhorar as suas condições de trabalho.

“Há escolas onde se estuda mais do que noutras”, alerta o grupo de pais na carta a que a Lusa teve acesso.

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