O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que “as últimas semanas confirmaram a mudança” no mundo, mas “não disseram para onde”, numa alusão à eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos da América,
No seu discurso na sessão plenária da 29.ª Cimeira Ibero-Americana, em Cuenca, no Equador, Marcelo Rebelo de Sousa falou da “crise do multilateralismo”, apontando o ano da primeira eleição de Trump, 2016, como um ponto de viragem.
“Em 2016, no polo global mais forte, começou a ficar visível essa crise, com novas lideranças, novos estilos, novas comunicações, o fim das antigas lideranças e das memórias do século XX”, declarou.
Segundo o Presidente da República, mais tarde, “com a pandemia, as guerras mais globais, aumentou a luta por nova balança de poderes, o egoísmo, o confronto radical e sofreu o multilateralismo”.
No seu entender, vive-se agora um “momento de fim de ciclo e de entrada num novo ciclo”.
“Como entre um pôr de sol a terminar e uma aurora que vai nascer, sem conhecermos o que sucederá. As últimas semanas confirmaram a mudança, não disseram para onde”, acrescentou.
Na 29.ª Cimeira Ibero-Americana, que tem como tema “Inovação, inclusão e sustentabilidade”, há um recorde de ausências. Em Cuenca estão apenas os chefes de Estado de Portugal, de Espanha, Felipe VI, e do Equador, país anfitrião, Daniel Noboa, e o chefe do Governo de Andorra, Xavier Espot Zamora.
Portugal está também representado nesta cimeira pela ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Compõem a comunidade ibero-americana três países europeus, Portugal, Espanha e Andorra, e 19 latino-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Cuba e República Dominicana.
A primeira cimeira desta comunidade realizou-se em 1991, em Guadalajara, México. Os encontros foram anuais até 2014, quando passaram a ser de dois em dois anos.
Em regra, Portugal tem estado representado conjuntamente pelos chefes de Estado e do Governo. Foi assim nas cimeiras de Cartagena das Índias, Colômbia, em 2016, de Andorra em 2021, e de Santo Domingo, República Dominicana, em 2023.
Em 2018, na cimeira de Antiga, Guatemala, só esteve o Presidente da República.