Está confirmado. O primeiro-ministro António Costa acaba de anunciar, em conferência de imprensa, a sua demissão, após ter sido conhecido de que é alvo de investigação autónoma do Ministério Público num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, a propósito dos negócios do lítio e do hidrogénio verde.
"Ao longo destes quase oito anos em que exerço funções como primeiro ministro, dediquei-me de alma e coração a servir Portugal e os portugueses. Estava disposto a dedicar-me com toda a energia a cumprir o mandato que os portugueses me confiaram até ao fim desta legislatura", começou por afirmar, aditando que ficou surpreendido com a informação de que será instaurado um processo crime contra si.
"Estou totalmente disponível para colaborar com a justiça para apurar toda a verdade sobre que matéria for. Quero dizer olhos nos olhos aos portugueses que não me pesa na consciência a prática de qualquer ato ilícito", continuo.
No entanto, afirmou que o cargo de primeiro-ministro não é compatível com as suspeitas que agora sobre si recaem.
"Nesta circunstância, apresentei a minha demissão", anunciou.
Recorde-se que, "no decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente", anunciou a Procuradoria-Geral da República.
A polémica foi avançada pelo jornal Público, que noticiou esta manhã as buscas da PSP em diversos ministérios e na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, as quais levaram o chefe de Governo ao Palácio de Belém por duas vezes, para reuniões com o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O mesmo jornal adiantou que já foram detidos o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, o consultor e amigo próximo de Costa, Diogo Lacerda Machado, e o presidente da Câmara de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, assim como dois executivos de empresas.
Estão a ser alvo de buscas e serão constituídos arguidos os ministros do Ambiente, Duarte Cordeiro, e das Infraestruturas, João Galamba, assim como o antigo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.
De salientar que esta é a primeira vez que há buscas judiciais na residência oficial do primeiro-ministro. As buscas tiveram como particular visado Vítor Escária, chefe de gabinete de António Costa.
Edna Baptista/Lusa