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Artigo de Opinião

Vice-presidente da ALRAM

19/07/2022 08:00

Nunca será demais assinalar que neste dia, em 1976, a Madeira emancipou-se. Libertou-se das amarras de um poder profundamente centralista, que nos reconhecia como ilhas adjacentes, dos quais ainda hoje observamos resquícios. Desde cedo que, a conquista da nossa Autonomia, provou o seu incomensurável valor.

Em 1976 a Região Autónoma da Madeira apresentava indicadores que demonstravam que estávamos aquém do restante território nacional. Uma boa parte da população madeirense era analfabeta, os cuidados de saúde tinham lacunas evidentes e não chegavam a toda a população, as redes viárias eram manifestamente insuficientes, a economia assentava num deficitário setor primário, muitas famílias não possuíam habitação digna para se viver.

Volvidos 46 anos, o cenário não poderia ser mais díspar. Vivemos numa Região cosmopolita, que apresenta números que nos devem orgulhar, especialmente quando olhamos para o nosso ponto de partida. A Autonomia provou ser muito mais que um sonho, que um ideário vago e inócuo, mas sim o melhor instrumento para o nosso desenvolvimento.

Na Educação, de acordo com os dados dos Censos de 2021, observamos que existem 58.258 pessoas com o primeiro ciclo concluído, 30.644 com o segundo ciclo, e 35.665 com o terceiro ciclo. Com o secundário e pós-secundário são 51.276 pessoas e com o ensino superior 36.569 diplomados. Estes números eram absolutamente impensáveis para a Madeira de há 46 anos.

Na área da saúde, ainda nos lembramos da realidade dos nossos pais e avós, que nos contavam as histórias daqueles que padeciam em casa com muitas maleitas. Basta atentar aos dados que temos hoje, para ver o quanto evoluímos. Temos 7,9 camas hospitalares por mil habitantes, enquanto que a nível nacional são 3,5. Ou seja, temos o dobro da capacidade. Apresentamos um valor de 4,7 médicos por mil habitantes enquanto que nos Açores há 3,7 médicos para mil habitantes. Possuímos 9,4 enfermeiros por mil habitantes. A nível nacional são apenas 7,6, nos Açores são 9,3.

Lembro-me bem da minha mãe contar a odisseia que era percorrer a ilha. O trajeto de um dia inteiro que tinha de fazer para ir do Funchal ao Porto Moniz, para administrar e supervisionar os exames da 4ª classe. Tinha que ficar inclusivamente a pernoitar naquele concelho. Regressava no dia seguinte, por estradas sem condições, que dificultavam inclusive o acesso dos meios de emergência a muitas das localidades. Atualmente, não demoramos mais de uma hora a chegar a qualquer ponto da ilha, sempre em segurança, com estradas em boas condições, que compõem uma rede viária da qual só nos podemos orgulhar.

No que concerne à economia, esta assentava num modelo de sobrevivência, baseada numa agricultura direcionada para o consumo próprio. A Madeira cosmopolita que temos, é uma Região que permite uma alavancagem económica sem precedentes na nossa Região.

Para além do Turismo, marca da nossa terra que representa receitas na ordem dos 400 milhões de euros, temos já hoje um peso assinalável das novas tecnologias na nossa economia: mais de 300 milhões de euros de receitas nesta área. O comércio e serviços são também uma parte importante do nosso tecido empresarial, sendo que embora de pequena escala, as micro e pequenas empresas da Região têm feito um trabalho notável para a expansão da economia.

Na área da habitação, o cenário era dantesco. Pessoas a viver em furnas ou barracas, sem condições de habitabilidade, era algo comum em 1976. Nestas últimas 4 décadas tudo mudou, fruto de uma política eficaz de habitação social. Temos 4.400 famílias com habitação social, o que se traduz em 17 mil pessoas a beneficiar de habitação social na Madeira. O parque habitacional social é composto por cerca de 6 mil fogos. Quer isto dizer que a taxa de cobertura de habitação social da Madeira é de 4.2%, mais do dobro da média nacional, (que é 2%) e mais que os Açores (que é 2.3%).

Apesar de uma crise pandémica, bem como limitações económicas e financeiras ao longo dos anos, muitos outros indicadores poderiam ser enumerados para assinalar o nosso desenvolvimento e progresso. E todos eles têm uma marca. A marca da social-democracia. Os Governos liderados pelo PSD Madeira, desde 1976, têm sabido corresponder às necessidades da nossa população.

É, portanto, uma feliz e agradável coincidência que poucos dias depois do dia em que se assinala o nascimento do primeiro órgão de Governo próprio da Região, o PSD Madeira celebre, após um interregno de dois anos motivado pela COVID-19, a grande Festa do Chão da Lagoa.

É nesta ocasião que festejamos também a Autonomia. Que assinalamos os méritos e sucessos conquistados, mas que olhamos também para os projetos futuros, para o que nos falta fazer e para o aprofundamento da Autonomia. Convido-vos a todos a, no dia 24 de Julho, fazer parte desta grande festa, que é de todos nós.

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