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Artigo de Opinião

Engenheiro

18/07/2024 08:00

Volta e meia sou assaltado por este sentimento de incompreensão, uma certa síndrome de alienígena, do tipo, mas que diabo é que se passa neste país, mas está tudo maluco ou quê? Passo a explicar.

Tem uns dias, a famosa DGS (Direcção Geral da Saúde), que nos tempos da Covid fez a delícia da nação com o “pas-de-duex” formado pela Dra. Graça Freitas e sua partenaire Dra. Marta Temido, lançou um questionário para aferir da saúde menstrual em Portugal. Até aqui tudo normal, é preciso diagnosticar para depois curar e é preciso inquerir para conhecer. Mas o problema é que no denso processo de averiguação aparecia de forma amiúde a expressão “pessoas que menstruam”, o que fez rebentar a polémica nas nossas tão estimadas e clarividentes redes sociais. De entre as diversas pérolas conseguimos retirar: “A menstruação é um processo fisiológico com impacto na saúde e bem-estar das pessoas que menstruam”. Mas pergunto, que tipo de pessoas é que menstruam? De que qualidade de gente falamos, serão humanos? O que se quer dizer com “pessoas que menstruam”, será uma condição de adição? Será contagioso? Será que estamos a falar de pessoas que se transformam em “menstros”?

Não, infelizmente não é nada disso, é bem pior. O que estes infelizes da DGS tentaram fazer de forma ignóbil, o que tentaram concretizar numa formulação “neutra” e numa linguagem pós-moderna foi atribuir à mulher a definição assética de “uma pessoa que menstrua”, ponto. É a gente com estes predicados que estamos entregues, mesmo depois de eleito um novo Governo, em princípio mais sensato e mais distantes destas baboseiras da identidade de género e do politicamente correcto do que o anterior, ainda somos sujeitos a estas torturas. Qual é o problema de falar na “Mulher”, que quando menstrua pode ser mãe, pode procriar, pode criar, pode amar. Meninos e sobretudo meninas da DGS, tenham dó, remetam-se a vossa insignificância e resolvam os vossos traumas sem perturbar os restantes. Como diria o outro, vão, mas é chatear o Camões...

E por falar em Camões, este pobre coitado não tem tido descanso. No ano em que se comemoram os quinhentos anos do seu nascimento o homem está a ser violentamente atacado. Se fosse vivo, se calhar iria preferir uma seta certeira no coração de um qualquer mouro a aturar tamanhas desconsiderações e crendices. Então não é que querem alterar a “versão oficial” dos Lusíadas, alguém consegue explicar esta idiotice. Parece que numa escola algures na capital, uma douta professora desafiou os alunos a olhar para a obra de Camões e a construírem eles próprios outros versos, outras estrofes, outros poemas. Segundo consegui apupar, desculpem, apurar, a obra primeira, a epopeia portuguese transformada em poema e conhecida em todo o mundo, parece estar refém de uma determinada versão, e que o seu estudo se faz da seguinte maneira, vou citar para não se perder pitada: “um panegírico, um elogio, um louvor à pátria”. Sim, e depois, qual é o problema?

Parece que esta atitude patriótica, de consideração pelo nosso passado e pelos nossos antepassados e pelos seus feitos heroicos, é uma coisa errada e que não deve ser elevada e, portanto, cancelada. Mas o que somos hoje devemos a estes homens e mulheres, ou melhor, pessoas que não menstruam e que menstruam, que lutaram, sofreram e alcançaram coisas inimagináveis. Não há que ter vergonha, antes orgulho e honra por sermos quem somos.

Nesta demanda exótica, também o hino de Portugal está a ser escalpelizado e o cantor Dino D’Santiago lançou o repto com a seguinte afirmação: “Sinto que o nosso tempo já não pode ser um tempo bélico. Já não pode ser um tempo em que incentivamos ‘às armas, às armas’ e levamos as nossas pessoas a ‘marchar contra os canhões’. Acho que é um tempo de mudarmos”. Eu acho que é mais uma baboseira. Como é obvio não podemos fazer uma interpretação literal do texto, as armas não são necessariamente um atributo bélico, assim como os canhões. As verdadeiras armas de um povo são a sua coragem, o seu esforço, a sua inteligência e a sua capacidade de união. Meninos e meninas, vamos, mas é ao que interessa e deixemo-nos de “panegíriquices”.

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