As expectativas vão ajudar a formular a ideia do que gostaríamos que acontecesse, sem, no entanto, sabermos como as coisas realmente acontecem. É o desconhecido, o incerto, que acompanha cada mudança, cada plano, e que pode, ou não, corresponder ao que esperávamos.
Quando temos expectativas muito elevadas relativamente a algo e a realidade não corresponde ao que idealizamos, vai surgir a frustração, o desânimo. E, por vezes, é difícil lidar de forma positiva com essa frustração, daquilo que esperávamos ter sido defraudado.
Por vezes, as expectativas são tão elevadas que colocamos todas as nossas forças, todo o nosso ânimo nas projeções que fazemos.
Dou um exemplo muito fácil de compreender: vejamos as férias. Durante quase um ano esperamos ansiosamente pelas férias, pelo descanso e divertimento que acreditamos que as mesmas nos venham a proporcionar. Não são raras as vezes que os pensamentos assentam na ideia de que "as férias é que nos vão dar o que desejamos, sem as férias não vamos estar bem", colocando, desta forma, muita pressão em nós próprios para que consigamos "aproveitar ao máximo" as férias! Esta pressão traz ansiedade, fazendo com que a possibilidade de realmente aproveitarmos o que as férias têm para nos oferecer seja diminuída. Se algo, durante essas férias, não corre como imaginado, parece que paralisamos os pensamentos, desistindo de procurar soluções para promover o bem-estar que tanto ansiávamos.
Tal como este exemplo, existem muitos mais. Se temos as expectativas demasiado elevadas seja em que situação for, corremos o risco de não ver para além do que imaginamos, deixando passar ao lado oportunidades muito melhores, simplesmente porque o foco é demasiado limitativo, nestas situações em concreto.
Nos relacionamentos, por exemplo, se houver a expectativa de apenas seremos felizes se as coisas acontecerem de determinada forma prevista, se colocarmos a pressão de que aquela pessoa é "o mundo para si", arriscamo-nos a destruir essa relação, pois numa relação (como em tudo na vida) tem de haver cedências de parte a parte, para que haja a adaptação aos acontecimentos à medida que ocorrem.
É natural e benéfico que tenhamos expectativas, mas não devem ser demasiado elevadas nem intransigentes, para que seja possível a adaptação aos vários cenários com que nos deparamos.
Devemos ter a mente aberta e o coração aberto para novas experiências, novas realidades. Devemos deixar a vida fluir com naturalidade, não forçando acontecimentos que possam impedir-nos de aproveitar os momentos que nos são oferecidos a cada instante.
Como alguém me dizia há dias, "A vida não é difícil, as pessoas é que a complicam". E é bem verdade. Se conseguirmos gerir as nossas expectativas vamos descomplicar o que a vida nos apresenta, vamos viver de forma adaptativa, conseguindo ter respostas positivas aos acontecimentos que poderiam ser sentidos com devastadores, caso as expectativas assim o impusessem.
Com a dose certa de expectativas, em equilíbrio com a capacidade de adaptação a diversos cenários, a vida será muito mais simples e tranquila. Por isso se diz "Não é difícil viver, difícil é saber viver!".